O último para dizer “me desculpa”.
O último para dizer “eu te amo”.
O último para abraçar cada pessoa amada com aquele abraço bom que faz um coração cantar para o outro.
O último para apreciar a vida com o entusiasmo que não guarda nenhuma delícia nem ternura pra depois.
O último para fazer as pazes. Para desfazer enganos.
Para saborear com calma, como se me servissem um banquete, a preciosidade genuína que cada único respiro humano representa.
Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último.
Eu não perderia uma chance para me presentear com os agrados que me nutrem.
Eu criaria mais oportunidades para dizer o meu amor. Para expressar a minha admiração.
Para destacar para cada pessoa a beleza singular que ela tem. Para compartilhar. Eu não adiaria delicadezas.
Não pouparia compreensão.
Não desperdiçaria energia com perigos imaginários e com uma série de bobagens que só me afastam da vida.
Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último, porque pode ser.
(Ana Jácomo)