CHEGUE NA PAZ

30 de set. de 2018



Quando puderes, recomeça. 


Faz outra vez.

Esquece o que te fez andar para trás, e anda para a frente.

Quando puderes, recomeça. 

Decide como se fosse a primeira vez. Prepara-te como se fosse a primeira aventura. Olha como se fosse o primeiro de todos os dias.

Quando puderes, recomeça. 

Sem atropelar o que te fez chegar até aqui, e sem perder o que te há-de levar, onde ainda não sabes que vais chegar.

Quando puderes, recomeça. 

Faz do medo uma pulseira e usa-o preso ao braço, para te lembrares sempre, que és tu que o prendes, e nunca ele que te prende a ti.

Quando puderes, recomeça. 

Faz da dúvida um pássaro de origami, e deixa-o voar num qualquer céu, que não seja o teu. Que não sejas tu.

Quando puderes, recomeça. 

Respira fundo e levanta-te sempre, como quem nunca chegou a cair.

Quando puderes, recomeça. 

Desiste do que te fez e faz andar em círculos, e agarra o que te vai fazer quebrar a corrente.

Quando puderes, recomeça. 

Espera que a maré suba e mergulha, como quem recebe o que a vida tiver para oferecer.

Quando puderes, recomeça. 

Leva aos outros, o que achas que te deviam ter trazido a ti.

Quando puderes, recomeça. 

Solta as amarras do que te faz recuar.

Quando puderes, recomeça. 

Duvida do que pensas ser teu para sempre. Duvida das promessas e das garantias. Duvida da perfeição. Duvida de quem nunca tem dúvidas.

Quando puderes, recomeça. 

Põe sempre um pé atrás, mas nunca ponhas os dois.

Quando puderes, recomeça. 

Surpreende-te com o que já tinhas visto, e deslumbra-te com o que fez sempre parte de ti.

Quando puderes, recomeça. 

Aprende palavras novas. Aprende as pessoas. Aprende os países que visitares. Principalmente o teu.

Quando puderes, recomeça.

Prepara-te para descobrir que, afinal, ainda não sabes nada.

Quando puderes, recomeça. 

Como quem não tem medo de nascer outra vez.


(Marta Arrais)