Quando puderes, recomeça.
Faz outra vez.
Esquece o que te fez andar para trás, e anda para a frente.
Quando puderes, recomeça.
Decide como se fosse a primeira vez. Prepara-te como se fosse a primeira aventura. Olha como se fosse o primeiro de todos os dias.
Quando puderes, recomeça.
Sem atropelar o que te fez chegar até aqui, e sem perder o que te há-de levar, onde ainda não sabes que vais chegar.
Quando puderes, recomeça.
Faz do medo uma pulseira e usa-o preso ao braço, para te lembrares sempre, que és tu que o prendes, e nunca ele que te prende a ti.
Quando puderes, recomeça.
Faz da dúvida um pássaro de origami, e deixa-o voar num qualquer céu, que não seja o teu. Que não sejas tu.
Quando puderes, recomeça.
Respira fundo e levanta-te sempre, como quem nunca chegou a cair.
Quando puderes, recomeça.
Desiste do que te fez e faz andar em círculos, e agarra o que te vai fazer quebrar a corrente.
Quando puderes, recomeça.
Espera que a maré suba e mergulha, como quem recebe o que a vida tiver para oferecer.
Quando puderes, recomeça.
Leva aos outros, o que achas que te deviam ter trazido a ti.
Quando puderes, recomeça.
Solta as amarras do que te faz recuar.
Quando puderes, recomeça.
Duvida do que pensas ser teu para sempre. Duvida das promessas e das garantias. Duvida da perfeição. Duvida de quem nunca tem dúvidas.
Quando puderes, recomeça.
Põe sempre um pé atrás, mas nunca ponhas os dois.
Quando puderes, recomeça.
Surpreende-te com o que já tinhas visto, e deslumbra-te com o que fez sempre parte de ti.
Quando puderes, recomeça.
Aprende palavras novas. Aprende as pessoas. Aprende os países que visitares. Principalmente o teu.
Quando puderes, recomeça.
Prepara-te para descobrir que, afinal, ainda não sabes nada.
Quando puderes, recomeça.
Como quem não tem medo de nascer outra vez.
(Marta Arrais)