Hoje desaprendo o que tinha aprendido até
hoje... e que amanhã recomeçarei a aprender.
Todos os dias desfaleço e desfaço-me
em cinza efêmera: todos os dias reconstruo
minhas edificações, em sonho eternas.
Esta frágil escola que somos, levanto-a com
paciência dos alicerces às torres, sabendo que
é trabalho sem termo. E do alto avisto os que
folgam e assaltam, donos de riso e pedras.
Cada um de nós tem sua verdade, pela qual
deve morrer. De um lugar que não se alcança,
e que é, no entanto, claro, minha verdade,
sem troca, sem equivalência nem desengano
permanece constante, obrigatória, livre:
enquanto aprendo, desaprendo e torno a reaprender.
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- Cecília Meireles, no livro "Cecília de bolso".