"... Só vê a vitória. Vai pro exílio, larga carreira, profissão, conveniência, partido político. Só tem um caminho e uma verdade: o amor.
O resto virá depois. Sem ele, o tudo é nada.
É fera e santa, guerreira e gato, desastrada e genial, capaz de usar fitas; meias coloridas; de enfrentar solidões, distâncias, presenças e furacões pelo ser amado.
É o mais regular dos seres irregulares, porque não julga, não pensa, não avalia: sente. E que se danem o mundo, as regras, as regulações, disposições, legislações e tudo aquilo que a mãe ensinou! Que o mundo exploda em flores!
Ser de grandezas, só vive de migalhas.
Entende de lençóis iluminados pela luz do corredor nas noites sem sono, conhece ruídos diferentes de tique-taques e entende de cantores e poetas (escolhidos secretamente).
Interpreta as mensagens mais sutis do amado: tom de voz, espaço entre uma e outra frase, fomes dominicais, impressões vagas de cansaço, tédio, alegria ou saudade expressas por fungados, suspiros, desabafos, interjeições, gestos, sons, olhares."
(Artur da Távola)