CHEGUE NA PAZ

24 de nov. de 2023



Pergunto-te onde se acha a minha vida. Em que dia fui eu.
Que hora existiu formada de uma verdade minha bem possuída.

Vão-se as minhas perguntas aos depósitos do nada.

E a quem é que pergunto?
Em quem penso, iludida por esperanças hereditárias?
E de cada pergunta minha vai nascendo a sombra imensa que envolve a posição dos olhos de quem pensa.

Já não sei mais a diferença de ti, de mim, da coisa perguntada, do silêncio da coisa irrespondida.

(Cecília Meireles)