CHEGUE NA PAZ

22 de nov. de 2021



Precisava fazer uma faxina em mim...

Jogar fora alguns pensamentos indesejados.

Limpar alguns tesouros que estavam meio enferrujados.

Tirei do fundo das gavetas lembranças que não uso e não quero mais.

Joguei fora alguns sonhos e algumas ilusões... e também sorrisos que nunca darei.

Me desfiz da raiva e do rancor que estavam dentro de um livro que nunca li.

Fiquei sem paciência!

Tirei tudo de dentro do armário e fui jogando no chão:

Paixões escondidas, desejos reprimidos, palavras horríveis que nunca deveria ter dito, mágoas de amigos, lembranças de um dia muito triste.

Mas, lá também haviam outras coisas... e coisas muito belas!

Um passarinho cantando e se banhando na minha janela, aquela lua cor de prata, o pôr do sol...

Fui me encantando e me distraindo, olhando para cada uma daquelas lembranças, que eram a minha vida.

Sentei no chão, para poder fazer as minhas escolhas...

Joguei direto no saco de lixo os restos de um amor que me magoou.

Peguei as palavras de raiva e de dor que estavam na prateleira de cima, pois quase não as uso, e também joguei fora no mesmo instante.

Outras coisas que ainda me magoam, coloquei num canto, para depois ver o que faço com elas... se as esqueço lá mesmo ou se mando para o lixão.

Aí, fui naquele cantinho, naquela gaveta, onde a gente guarda tudo o que é mais importante: o amor, a alegria, os sorrisos, um dedinho de fé para os momentos que mais precisamos...

Como foi bom relembrar tudo aquilo!

Recolhi com carinho o amor encontrado, dobrei direitinho os desejos, coloquei perfume na esperança, passei um paninho nas minhas metas e deixei-as à mostra, para não perdê-las de vista.

Coloquei nas prateleiras de baixo algumas lembranças de infância, na gaveta de cima as de minha juventude e, pendurado bem a minha frente, coloquei a minha capacidade de amar e de recomeçar.
(Carlos Favaro Fanta)