CHEGUE NA PAZ

4 de jul. de 2021



Por Que Gosto De Quem Me Faz Sofrer?

Gostar de pessoas que rejeitam ou causam algum tipo de sofrimento é algo mais comum do que se possa imaginar. Observamos homens e mulheres que se sentem atraídos por pessoas que traem ou que tem comportamentos destrutivos nos relacionamentos. Ao mesmo tempo não conseguem gostar de alguém quando essa pessoa é boa e lhes dá atenção. Esse comportamento tem uma raiz inconsciente.

Parece até que a pessoa gosta de sofrer por que somente se atrai por relacionamentos que causam dor. Mas não é exatamente isso. O problema é um pouco mais profundo. Na verdade, ninguém gosta de sofrer, mas pode ficar condicionado a uma busca incessante por aprovação desde a infância.

Para que a criança possa desenvolver a sua autoestima e sentir que é um ser humano que tem valor, ela precisa receber amor e atenção de forma suficiente e adequada durante a sua formação.

A criança aprende a amar e aprovar a si mesma através do amor e atenção que ela recebe de fora. Se a criança vive em um ambiente onde esse amor e atenção são oferecidos, a medida que ela cresce, vai amadurecendo e internalizando profundamente que tem valor e gradativamente vai deixando de precisar dessa fonte externa de amor pra se sentir validada.

Quando isso acontece, torna-se um adulto saudável, que ama e aprova a si mesmo de forma incondicional.

Mas, a maioria das pessoas não vai receber essa atenção e amor de uma forma suficiente e adequada. Muitos vão passar por experiências que deixarão marcas de rejeição. Uns mais, outros menos. O sentimento de rejeição é gerado a partir de vários tipos de experiência: Críticas, indiferença, cobranças excessivas, falta de atenção, abuso físico e psicológico e etc.

Quando a criança passa por essas experiências, inconscientemente ela interpreta que deve ter algo de errado com ela, que talvez ela não seja digna de receber amor. E assim desenvolve problemas em sua autoestima, ou seja, dificuldade de amar e aprovar a si mesma. Por mais estranho que isso possa parecer, quanto mais rejeição a pessoa sofreu durante sua infância, maior a tendência de que ela fique “Viciada” em ser rejeitada.

Essa foi a maneira distorcida que ela aprendeu a se relacionar e receber “Amor”. Na verdade, ela vive em busca da aprovação dessas pessoas que a rejeitam, e costuma receber breves momentos de aprovação, que são apenas migalhas. Quando esses momentos ocorrem, sentem-se muito bem. Mas é algo temporário e logo vem a rejeição mais uma vez, e com a rejeição, vem novamente a necessidade de ser aprovada. E vira um circulo vicioso de: Rejeição – Busca por Aprovação – Alivio temporário quando consegue – Rejeição Novamente…

É muito comum que aquele filho mais rejeitado pelos pais, seja o mais dedicado a eles. Esse filho vive numa busca eterna por migalhas de aprovação. Nesses momentos ele sente, por um breve instante, que tem algum valor. E por isso faz de tudo para agradar numa busca constante por mais aprovação.

Depois a criança se torna um adulto e repete esse comportamento nos seus relacionamentos amorosos. Quando um parceiro tem estabilidade emocional e não consegue lhe dar essa montanha russa emocional a qual a pessoa está inconscientemente condicionada, ela não consegue se sentir atraída. Quando o relacionamento reproduz o circulo vicioso da “Rejeição – migalhas de aprovação e atenção”, a pessoa sente uma intensa atração.

Indo um pouco mais fundo, não é a pessoa em si que tem essa atração pela rejeição. Quem sente essa atração é a carga emocional acumulada de rejeição que a pessoa carrega. Essa carga forma uma sombra, e essa sombra tem necessidade de crescer e se alimentar. E o seu alimento é a rejeição. Então a sombra leva a pessoa de forma inconsciente a buscar relacionamentos que tragam esse sentimento, pra que ela possa se fortalecer.

A cura para esse “Vício” está em liberar os sentimentos de rejeição que a pessoa carrega.

(André Lima)