Eu não tenho medo do amor, eu tenho medo é de amar quem tem medo dele. Amar quem teme o amor é como se apaixonar por uma sucessão de desistências. É como viver apenas a possibilidade de algo, mas com a sensação de que ela nunca se estabelecerá. É ficar intranquilo não com o amanhã, mas com os próximos minutos.
Quem teme o amor vai embora antes de fazer as pazes com ele, antes de saber que surpresa ele reservava. Quem teme o amor teme caminhar de mãos vazias em direção ao desconhecido e está sempre se baseando numa repetição do passado, pois acha que a vida será como todos aqueles dias idos.
Quem teme o amor não vê a pessoa que conheceu, não se dá a oportunidade de ser amado de outra forma. Quem teme o amor se envolve é com o drama de todas as feridas que vieram à tona porque ele não se permitiu ficar sozinho e confuso o tempo suficiente para curá-las.
Quem teme o amor não aprendeu a pedir ajuda nem a receber a cura do Universo: ele se acha maior que o amor e, por isso, não conjuga o verbo.
Quem tem medo do amor, pra se preservar, não se permite delirar lindamente, e perde a parcela mais deliciosa que o amor prometeu... por medo de amar.
(Marla de Queiroz)