A última vez que o mundo vivenciou algo parecido foi há 102 anos! Poderá vir a ser o começo de uma nova era, um novo modo de pensar , o encontro com o outro, o renascer de uma nova consciência ambiental...
Pode ser, e este é provavelmente o pensamento das gerações mais jovens. Os intermediários, aqueles com 50,60 anos não se enquadram bem nem de um lado nem de outro, mas seguramente ainda mantem a esperança de um mundo melhor que ressurgirá destas cinzas. Eles mantem o otimismo e se apoiam no trabalho virtual, sabem que seus filhos ainda dependem deles, seus netos ...isso os fazem sentir-se necessários.
Por fim, a geração com 70,80,90 anos passa a ser prejudicada pela organização social que os separa de seus familiares; eles não são mais necessários, já deram o que tinham que dar, já realizaram, já produziram, já criaram... já viveram.
Talvez por isso seja difícil para as novas gerações entenderem os sentimentos de isolamento, desamparo, falta de perspectiva, que os idosos sentem. É difícil não termos nossos lamentos interpretados como lamúrias...
Esta crise global nos jogou de encontro com nós mesmos, vem a tona o melhor e o pior de cada um. Nós mesmos somos surpreendidos com o que nos deparamos, com nossas reações diante do desconhecido. Estamos acostumados a vermos guerras, epidemias, calamidades ambientais na mídia eletrônica sempre longe de nós como se fossem em outro planeta... assistimos a tudo impassíveis como um show de terror.
Mas hoje passamos a ser os protagonistas deste show de terror na mídia eletrônica. Somos nós que estamos lá, e não um “continente esquecido da Africa,” não aqueles “invisíveis” em países remotos onde a cultura e a arquitetura de uma existência já não existem mais. E continuamos a mergulhar no trabalho virtual para nos intoxicarmos na “droga” que nos preenche o tempo e o pensar.
Ou passamos a um viver Zen , o dia a dia mesmo sem entender o dia depois, e para viver o fim de uma era atravessamos a dor da humanidade, o abandono e a solidão como parte do coletivo.
(Jocy de Oliveira)