“Canção na Plenitude”
Há rugas onde havia sedas, sou estrutura agrandada pelos anos e o peso dos fardos bons ou ruins (carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)
O que te posso dar é mais que tudo o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir quando em outros tempos choraria, busca te agradar quando antigamente queria apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que beleza e juventude agora: esses dourados anos me ensinaram a amar melhor, com mais paciência e não menos ardor, a entender-te se precisas, a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga, e sobretudo força – que vem do aprendizado.
Isso posso dar-te: um mar antigo e confiável cujas marés – mesmo se fogem – retornam, cujas correntes ocultas não levam destroços mas o sonho interminável das sereias.
Lya Luft