O QUE É O AMOR
A primeira questão que emerge seria: o Amor existe? Tem o Amor existência na Natureza? Não seria simplesmente decorrente de nossas necessidades, carências e limitações?
“Fabricamos” o Amor para tentarmos viver e conviver melhor?
Uma das definições funcionais de Freud para libido, seria a de uma força essencialmente aglutinante. Neste sentido, a agressividade teria direção oposta mantendo, no entanto o mesmo sentido. Assim libido teria uma direção centrípeta e agressividade uma direção centrífuga compondo contraposições dialéticas.
Quando a libido, em termos conceituais populares passou a significar a essência do amor e o ódio a essência da agressividade instituiu-se a ideia de que “só o Amor constrói” e que a agressividade em si mesma seria negativa como núcleo da destrutividade, contrariando conceitos etológicos.
Atualmente há fortes indícios para supor que esta visão basicamente maniqueísta que predomina na alma humana ocidental, decorre de uma elaboração insuficiente de nosso estágio narcísico original em que ego e id indiferenciados, somente podiam perceber-se a si mesmos antes de serem ejetados num mundo de necessidades prementes, a partir de quando somente o desvelo e aconchego maternos devolviam o ser estreante, provisoriamente, ao Paraíso Perdido.
Nestes momentos inaugurais da existência humana, aprendemos que “só o Amor constrói” e que as necessidades nos ameaçam constantemente de levar-nos de volta às nossas origens.
Desta forma oscilamos num equilíbrio flutuante e muitas vezes precário, entre a construção que o amor nos oferece e a perene desconstrução, inexorável e impiedosa, que a Natureza nos impinge.
José de Matos
Médico - Psicanalista e Psiquiatra