CHEGUE NA PAZ

19 de mar. de 2015


Não me interessa o que você faz para ganhar a vida. Eu quero saber pelo que você sofre, e se você ousa sonhar em satisfazer o anseio do seu coração.

Não me interessa qual a sua idade. Eu quero saber se você se arriscaria a parecer um tolo por amor, pelo seu sonho, pela aventura de estar vivo.

Não me interessa que planetas estão em quadratura com a sua lua. Eu quero saber se você tocou o centro do seu próprio pesar. Se você se abriu pelas traições da vida ou se você se encolheu e se fechou por medo de sofrer novamente! Eu quero saber se você consegue se sentar com a dor, a minha ou a sua própria, sem fazer qualquer movimento para escondê-la, ou consertá-la.

Eu quero saber se você consegue permanecer com a alegria, a minha ou a sua própria, se você consegue dançar de maneira selvagem, e sem deixar que o êxtase preencha até a ponta dos seus dedos das mãos e dos pés, sem nos advertir para que sejamos cuidadosos, realistas, para que lembramos das limitações dos seres humanos.

Não me interessa se a história que você está me contando é verdadeira. Eu quero saber se você é capaz de decepcionar outra pessoa para ser verdadeiro com você mesmo, se você consegue suportar a acusação de traição e não trair a sua própria alma; se você pode ser infiel e, portanto digno de confiança.

Eu quero saber se você consegue ver o belo mesmo quando não há beleza, todo dia, e se você consegue encontrar a fonte da sua própria vida a partir dessa presença.

Eu quero saber se você consegue viver com o fracasso, o seu e o meu e, ainda assim, ficar em pé à beira do lago e gritar para o prateado da lua cheia: “Sim!”

Não me interessa saber onde você mora ou quanto dinheiro você tem. Eu quero saber se você consegue levantar, depois de uma noite de sofrimento e desespero, exausto e machucado até os ombros, e fazer o que precisa ser feito para alimentar as crianças.

Não me interessa quem você conheceu ou como chegou até aqui. Eu quero saber se você ficará em pé no centro do fogo comigo sem se encolher ou retroceder.

Não me interessa aonde, com quem ou o que você estudou. Eu quero saber o que sustenta você, lá de dentro, quando tudo o mais desmorona.

Eu quero saber se você consegue ficar sozinho com você mesmo e se você realmente gosta da sua própria companhia nos momentos vazios.

(Milton Erickson)