CHEGUE NA PAZ

19 de mar. de 2015


A tempestade rugia lá fora, forte, intensa, sem tréguas...
Do lado de cá apenas chuva, tristeza, desolação...
Mas...
Do outro lado... o pintor desenhava o arco-íris,
A cada traço ele ia construindo a ponte de ligação
Ao mundo mágico, ao mundo da riqueza absoluta.
Desenhou, desenhou até chegar ao rio de sonhos
Onde o arco-íris quis e foi beber.

Então o homem, montando os sonhos na ponta do pincel,
Ia percorrendo, tom a tom, a estrada colorida.
Também ele queria beber das águas purificantes desse rio,
Das águas mágicas que davam vida a todas as ilusões,
Pois...
Ele sabia que lá, no rio de águas cristalinas
Onde a ponte arco-íris bebia os seus sonhos,
Lá para além do horizonte,
Encontraria o reluzente pote de ouro...
Aquele que lhe serviria de salvo-conduto
Para a terra da abundância

E ele sonhava, desenhava e viajava na ponta do seu pincel...
A tempestade continuava fustigando a Terra,
Perseguia, furibunda, este homem poeta-pintor
Que, temerário e aventureiro, indiferente à sua fúria
Seguia a rota daquele sonho do pote de ouro,
Que, dia após dia, o visitava e sussurrava:
“Estou no fim do arco-íris! Sou sonho, faz-me real...
Se me encontrares encontrarás a terra da abundância...”

Quando chegou ao rio de águas cristalinas,
Antes de beber da água mágica, fechou os olhos e...
“Vou finalmente dar vida ao sonho,
Vou encontrar o meu pote de ouro, o meu pote!!!”
E, pensando assim, mergulhou no rio de águas mágicas,
Abriu os olhos, sorriu...
Olhou em redor e viu...
Que o pote de ouro... não tinha moedas reluzentes,
Que o pote de oiro era apenas um singelo coração, o seu...
Um coração repleto de sabedoria... onde, agora
Penetravam todas as tonalidades da ponte arco-íris...
E se fundiam numa só cor tão branca, tão cristalina...
Que não era de todo uma cor, mas uma intensa luz,
Uma luz de pura paz, de pura harmonia, de puro amor.

Então o nosso homem pintor-poeta soube
Que tinha em si todos os tesouros do mundo,
Que era mais do que um filho do sonho,
Que era um filho perdido do Universo,
Agora encontrado.

(Maria La-Salete Sá)