CHEGUE NA PAZ

4 de nov. de 2014


Em janeiro de 2014, Dadi Janki completou 98 anos de idade , em plena forma física, mental e espiritual. Ainda viaja pelo mundo, ministrando palestras e espalhando seus ensinamentos para todos os povos do mundo, fazendo contato com líderes governamentais e com pessoas do campo, indiscriminadamente. Um exemplo de vitalidade e otimismo, Dadi Janki nos ensina que uma vida simples e em conexão permanente com Deus, preenche muito mais que as demandas da vida moderna.

Breve Biografia: Nascida na Índia em 1916, Dadi Janki dedicou sua vida ao estudo espiritual, à pratica da yoga e da meditação. Em 1937, aos 21 anos, participou da criação de uma Organização para estudos espirituais e práticas meditativas: Brahma Kumaris, hoje contando com aproximadamente 5000 centros espalhados pelo mundo, onde Dadi Janki é Co-Diretora Mundial. É também criadora da Fundação Janki de Pesquisas para Saúde Global, em Londres. Recebeu da ONU o título, muito raro de ser concedido, de Guardiã do Planeta, por seu trabalho em prol de mentes mais livres e pacíficas.


A mente mais estável do mundo

Em 1978, Dadi Janki aceitou participar de uma pesquisa científica junto ao Instituto de Pesquisa Médica e Cientifica da Universidade do Texas e foi considerada como a “mente mais estável do mundo". Nesta pesquisa, Dadi Janki foi testada em situações tensas e perigosas e, ao contrário da maioria das pessoas, o seu eletroencefalograma marcou a presença constante de ondas delta, as ondas mais positivas e lentas produzidas pela atividade cerebral. Outras pesquisas sobre Meditação demonstram que este estado de atividade cerebral é muito comum em pessoas que praticam a meditação com frequência. Porém, Dadi Janki vai mais além e explica que os resultados dessa pesquisa não se devem apenas a Prática meditativa, mas também ao seu modo simples de viver, a sua conexão com Deus e a independência (desapego) das demandas do mundo moderno.


Qual é a receita para uma mente tranquila e estável?


Temos muito a aprender com esta linda mulher que, apesar da idade, é dona de uma mente não apenas tranquila e estável, mas também forte e atualizada com os novos caminhos espirituais de evolução Humana. Em suas palestras e entrevistas, Dadi Janki fala sobre cinema, TV, consumismo, violência, relações, independência e desapego, ensinando-nos sobre o modo simples de viver.

Em 2002 esteve em São Paulo e quando lhe perguntaram sobre a receita de uma mente tão tranquila e sem pesos, ela respondeu: “Muito amor no coração por todos e nenhum apego por ninguém, tentar não prejudicar pessoa alguma minimamente e eliminar da mente qualquer pensamento negativo, fazendo um exercício diário e ter a certeza de que não estamos aqui à toa, mas para cumprir o destino da evolução. Entender que somos caminhantes, sem dependências ou estabilidades. Quem não percebe isso se torna escravo do desnecessário e polui a mente.”.


Os votos para 2014, de Dadi Janki

Em sua página no facebook, Dadi Janki deixa sua Mensagem para 2014:

“No ano, façamos uma pausa e observemos o passar do tempo, à medida que avançamos do ano velho para o ano novo. Saibam que cada momento, cada hora é importante. (…)

Que o próximo ano eleve cada um de nós, nos permitindo nos inspirarmos uns com os . Que possamos começar a vislumbrar um futuro de paz e de fraternidade universal no horizonte e acelerarmos nosso ritmo nisso, para chegarmos juntos, como uma família mundial.”

Amor e bons desejos,
BK Janki

CONHEÇA DADI JANKI
Em entrevista
(D.A)


Como a senhora decidiu seguir o caminho da espiritualidade?

Dadi Janki – Desde a minha infância tive o pensamento de que não gostaria de viver uma vida comum, mas uma vida que pudesse trazer benefícios a outros e ser útil ao mundo.

O Ocidente tem acolhido os ensinamentos espirituais do Oriente. O que a senhora destaca como mais importante na visão ocidental do mundo?

Dadi Janki: O Ocidente, mais que tudo, pode contribuir com sua abordagem intelectual. No Ocidente, as pessoas são mais abertas e prontas a aprender, têm maior capacidade intelectual, desenvolvida por meio da educação, e com isso ficam menos amarradas à fé cega. Ao contrário, são capazes de entender e colocar o conhecimento espiritual na prática. Além disso, no Ocidente encontro grande disposição de servir e vontade de explorar o significado das coisas.

Como manter a mente estável?

Dadi Janki: Em geral, as pessoas pensam que a felicidade depende de coisas externas e materiais. Hoje querem uma coisa, amanhã querem outra e ficam presas num ciclo infindável de desejos. Uma mente estável tem sabedoria e é livre de dependências.

Por que tanta gente está buscando uma vida simples?

Dadi Janki: – Vivemos com muitas demandas de consumo. Eu quero isto, eu quero aquilo, aquilo outro e assim por diante. E todo mundo tem muitas demandas e expectativas. Se vivemos ao sabor das demandas externas, tudo o que conseguimos ver em termos de reconhecimento da personalidade humana é o que aparece na superfície, o que é artificial. E vida simples significa vida real.

Algumas pessoas pensam que a necessidade da vida é possuir coisas, quando, na verdade, o que realmente importa é possuir valores espirituais. Portanto, quando reafirmamos nossa vida em propósitos de paz, felicidade e amor, caminhamos para a felicidade verdadeira. A conquista de uma vida simples permite que a espiritualidade se desenvolva facilmente. E espiritualidade significa eu usar o meu tempo, o meu dinheiro e a minha energia no caminho do bem.

E de que maneira podemos seguir esse caminho na prática, levando em conta as dificuldades do dia-a-dia?

Dadi Janki: – Existem três aspectos importantes para o entendimento do que proponho aqui, do que estamos levando adiante com o conhecimento:

a) O primeiro passo é empreender a busca, porque quando faço isso reconheço os territórios internos, em termos de qualidade dos pensamentos, e entendo o que pode ser feito para mudar.

b) Segundo, tenho de conhecer a Deus, ser capaz de ter um relacionamento com o divino, de maneira a estar pronto para receber de Deus o tesouro da paz.

c) Terceiro, eu também preciso entender os movimentos de calma e de ação, assim como o curso e os efeitos de minhas ações. Se eu puder entender essas três coisas, então certamente terei paz verdadeira.

A senhora vive com pouco?

Dadi Janki: – Posso viver muito bem com três conjuntos de roupas: uma para tudo, outra para alternar na lavagem, uma terceira guardada. Às vezes, quando visito alguém, as pessoas me chamam para mostrar o número de roupas que elas têm, a quantidade de sapatos, as joias. Eu sinto compaixão por elas, porque seu intelecto certamente está disperso. Todos esses apelos externos nos distraem do real propósito da vida.

Essa desconexão com o real complica também nossos relacionamentos?

Dadi Janki: – Sim, as demandas externas distanciam as pessoas do que entendemos como qualidade em um relacionamento. É o que deteriora a família, as amizades e consagra o egoísmo no lugar da verdade. Quando, enfim, complicamos muito a vida, fica difícil tomarmos conta de nós mesmos e, mais ainda, não há como cuidar devidamente de nossos relacionamentos. Bem, eu posso mostrar, com a minha vida, de que maneira é possível alcançar a felicidade e, assim, os outros têm uma referência de como conseguir isso também. Com uma vida simples, posso dar atenção aos outros, cooperar com os outros, porque quando meu coração é honesto, ele se torna grande, generoso.

É possível manter-se centrado mesmo com o turbilhão de informações produzido por jornais, revistas e televisão?

Dadi Janki: – Eu prefiro viver longe desse fluxo. Porque, se sabe, isso acaba virando um vício. As pessoas acreditam que, lendo jornais ou assistindo TV, estejam apenas buscando informações sobre o que acontece no mundo. Mas, na verdade, tudo isso produz uma grande quantidade de distrações. O cinema, da mesma forma, difunde muitos e muitos maus hábitos. Assim, fica muito difícil, por exemplo, manter uma vida mais contemplativa, pautada na prática da meditação. A natureza humana é muito suscetível. Somos frequentemente afetados pelo mal. E quase sempre a influência do mal ocorre de maneira muito rápida. Se eu, de fato, quiser me tornar um ser humano em sua plenitude, se esse é meu propósito, devo procurar caminhos diferentes, que não me façam perder tempo e energia. Ideias assim são sempre muito inspiradoras. Mas parece um tanto difícil conseguir isso. A verdade é que há muitos males no mundo de hoje e creio que é mesmo hora de pararmos com isso. Eu tenho o alegre objetivo de, primeiro, fazer da minha vida uma boa vida e manter a mim mesma livre de todas as influências de negatividade do mundo. E há muitas pessoas criando uma vida boa como esta. Gente do mundo todo está reconhecendo que é por meio da espiritualidade que se pode alcançar uma vida plena.

Vivemos tempos um tanto incertos. Podemos acreditar num bom destino para a humanidade?

Dadi Janki: – Sim, eu acredito que o futuro será bom. Há pessoas buscando uma vida sensata, uma vida simples, e elas servirão de inspiração para os outros, em favor do mundo. E tudo o que é exigido é uma transformação interna, de maneira que possamos ter bons sentimentos, sem nos colocarmos negativamente contra quem quer que seja. Basta que não tenhamos maus sentimentos, que exercitemos a aceitação dos outros, disseminando paz e felicidade.

É preciso tornar-se um iogue para incorporar essa atitude?

Dadi Janki: – Não necessariamente. Todos aqueles que, através da observação contínua de si mesmos, e através da meditação, experienciam um relacionamento autêntico com Deus, podem se tornar as estrelas brilhantes que iluminam o mundo. Eu acredito que se todos seguirmos juntos assim, poderemos criar o céu aqui na Terra. Mas primeiro, teremos de criar o céu em nossas mentes Porque tudo o que acontece neste mundo começa antes no coração dos homens.