A MELODIA
Filho de uma manhã cinzenta
Que quando nasce logo deprime
Sentes a mão que te oprime
Que cai na tua veia sangrenta
És fruto de uma madrugada
Suja, pálida e desiludida
E cresces pelos atalhos da vida
Com tua sina há muito declarada
Mas o teu sorriso de criança
Brilha ainda no teu olhar cavado
Qual renovada esperança do dia
E aquela tua colorida dança
De feliz inocente endiabrado
Guarda o segredo da tua melodia.
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MENINOS DE RUA
Na rua escura e fria,
pés descalços, mal vestidos,
pequenos corpos encolhidos,
cobertos apenas por jornal ...
No estômago, fome,
na boca, sede,
no corpo, o abandono,
no coração, sonhos ...
Pequeninos e sozinhos,
meninos que vivem nas ruas,
deitam com o olhar
perdido na lua
sonhando o que podem sonhar ...
Meninos de rua,
vivem sem medo e sem apego,
sem ter um carinho, vivem fora do ninho,
mas possuem corações
de passarinhos ...
(Cecília Carvalho)