CHEGUE NA PAZ

31 de ago. de 2012

Cântaro vazio


   
Para podermos aprender,
E apreender,
Para podermos realmente escutar,
Olhar e assim, ver,
Para podermos apreciar,
Degustar, decantar o belo em nosso ser,
Para podermos verdadeiramente sentir o outro,
Para podermos sorver a sabedoria dos universos,
Para podermos refletir, pensar, repensar, criar, imaginar,
Para podermos compreender, assimilar, engendrar e sonhar,
Para podermos amar...
É preciso tão somente,
Esvaziar
Nosso cântaro mental,
Nossas vasilhas apenas humanas,
Nosso condicionado espírito de preconceitos de aço,
E assim nos encontrarmos totalmente libertos,
De pensamentos, raciocínios, pré-juízos,  pré-ocupações,
De julgamentos-tormentos na coletiva interação do relacionar...
Para em taça amorosamente vazia,
Podermos deixar entrar o fluir da vida e assim
Podermos perceber
O novo onipresente.

Com nosso cântaro vazio,
Podemos escutar a voz do silêncio,
E assim penetrar no reino da Paz,
Deter sem nenhum esforço o compreender,
Das lições do mundo,
Entender o sofrer,
E assim exercitar a compaixão,
Pelo puro sentir,
Pelo puro pensar,
Pelo lapidado querer,
E assim,
Só com o recipiente vazio,
Deixar a energia das estrelas, do sol, da lua,
Dos ventos, da chuva, do sentido olhar,
Abrasar nossos corações,
Permeando-nos de pura vitalidade,
Que, muitas, vezes, no campo ou na cidade,
Pela pressa, pelo abarrotar informativo, televisivo, internetizado,
Alienado...atado por gravatas em ar condicionado
Nos deixamos envolver,
Sem ver
Sem compreender,
Agindo como autômatos, humanos robôs e fantoches...
Falando sem dizer,
Ouvindo sem escutar,
Sem atenção, em devaneios,
Deixando que a ilusão
Faça morada em nossa mente,

Ignorando que quem nos fala,
Quem nos endereça um olhar,
Deseja intimamente nossa atenção,
Não só a atenção
Mas ouvidos vazios,
Mentes sem pensamentos,
Para que da vida os entendimentos,
Nos possa unir
Reunir corações,
Refazer caminhos de fraternidade,
Vivenciando intercâmbios de alma para alma,
Pela calma de quem sabe viver,
De quem aprendeu a só ser,
Sabendo-se a todos, a tudo unido
No amor universal.
Na sabedoria imemorial
Quando realmente aprendemos
A ser cântaros vazios
A deixar o amor, a paz, a harmonia, as benfazejas cósmicas energias,
Ter espaço e consistência em nós
Para nos permear de Luz
Para a vivência do Cristo,
Que a todos sabe escutar.
Para a vivência do amor,
Para podermos semear
Faróis de compreensão
Que provém do universo do olhar
De nosso irmão,
Ou do encanto da realidade das esferas espaciais
Do arco-íris das vidas – leques existenciais -
Que nosso cântaro vazio
Como diminuta gota d’água
Pode assim conter oceanos
Nos revelando
O todo-esplendor dos Milagres Divinos...
Desvelando-nos o que antes era apenas mistérios,
Iluminando nossa consciência
Dando-nos o despertar
Que aos poucos nos remete a DEUS,
Que também reside
Na pureza,
Na magnificência
Na singular beleza
Deste teu lindo olhar...

Ivanildo Falcão da Gama