A fim de realizar singelo estudo
Sobre alívio nas lágrimas terrenas,
Durante algumas horas
Acompanhei de pensamento mudo
Dez cruzeiros apenas.
A cédula saiu primeiramente
Das mãos de um sapateiro
Pobre, alegre, risonho,
Parecendo uma estrela vinda em trazer apoio
A um menino doente...
Dessa criança humilde prosseguiu
Na bela caminhada
E sustentou dois pratos de socorro
A companheiros tristes
Que jaziam febris em antiga calçada...
Logo depois, das mãos de um balconista
Sem maiores recursos,
Ei-la a seguir sem pretensões de esmola,
De modo a socorrer
Um pequerrucho acidentado
Quando vinha da escola...
Logo após, garantiu
Ligeira refeição
De modesta família em provação...
Ao terminar o dia
A cédula fizera
Tanta luz, tanto amor, tanta alegria,
Que levantei o coração
E ansiando exprimir o meu louvor
Só consegui dizer:
- “Oh! Providência Eterna!
Pela bendita possibilidade
Com que simples moeda,
Obedecendo ao teu amor,
Pode criar no mundo,
Tantos samaritanos e tantos cireneus ;
Pelo dinheiro que nos dás,
No trabalho e na paz,
Sê louvado, meu Deus!”
(Maria Dolores)