Amar é Dar-se.
Na humanidade, tudo fala de amor, canta, grita o amor.
Em nome do amor, muitos trabalham (porque amam sua profissão), se confraternizam ou vão à guerra, dão a vida ou matam. A história humana é uma impressionante busca de amor, semeada de maravilhosos sucessos e de monstruosos fracassos.
É verdade que no coração humano a aspiração mais profunda é o desejo de amar e ser amado. Fomos feitos por amor e para o amor, só se pode tornar-se plenamente homem ou mulher, amando. Mas, infelizmente, existem muitos mal entendidos sobre o amor.
Palavra tão usada, amar na vida real fica muito difícil quando não desenvolvemos as atitudes corretas. Aprender sobre as exigências do amor é ajudar-se e ajudar a todos a se dirigirem nos verdadeiros caminhos, mesmo que, no final da estrada desta vida, este não for senão um ideal que nos guiou para a fonte de todo o amor.
Cada um, agora, pense sobre o que considera ser o amor.
Pensando assim, quem são, hoje, as pessoas a quem você ama?
Amar não é sentir.
Quantas vezes o homem não sabe amar, quantas mais ainda crê amar, e o que faz é somente amar-se a si mesmo! Ao longo do grande caminho que leva ao amor, muitos param, seduzidos pelas miragens do amor:
• Se você estiver “emocionado até às lágrimas” diante de um sofrimento;
• Se você sente seu coração “bater descompassadamente” ao estar perto de determinada pessoa, isso não é propriamente o amor, é a sua sensibilidade aflorada.
• Se você, dizendo amar alguém, fica seduzido por seus atrativos físicos ou por sua “cabeça”, isto não é o amor, é admiração,
• Se, com toda a insistência você quiser obter um olhar, um beijo, uma carícia, se você estiver disposto a tudo para ter esta pessoa em seus braços e possuir seu corpo, isto é somente um desejo sem controle nascido de sua sensualidade.
Amar, não é estar apaixonado, pois a paixão deturpa a razão e escraviza.
Amar é dar-se total e livremente a alguém, desde que não somente a uma única pessoa.
Amar não é sentir... Se você espera para amar, ser empurrado por sua sensibilidade, você amará pouquíssimas pessoas.
Amar é decisão consciente da vontade.
Amar não é algo instintivo: é a decisão consciente de sua vontade de ir ao encontro dos outros, sem nenhum preconceito, e dar o melhor de si a eles, sem cobrar retorno. Perca-se, esqueça-se e você amará muito mais intensamente.
O desejo, a admiração, a afeição podem arrancar-nos de nós próprios, lançando-nos ao encontro do irmão, mas nada disso é ainda o amor. Deus dá estes meios a todos – especialmente na união mais íntima entre o homem e a mulher – como ajuda para conduzir-nos ao verdadeiro amor.
O amor é uma estrada de mão única. Ela sai sempre de você para ir aos outros.
Tudo aquilo que você encontra em seu caminho é feito para permitir que você ame cada vez mais:
• O alimento para sustentar a vida que você deve dar minuto a minuto;
• O automóvel para você dar-se mais depressa;
• O filme, o CD, o livro, a internet, para descontrair-lhe, instruir-lhe, ajudando a dar-se mais e melhor;
• O trabalho na empresa, fazendo sua parte na construção de um mundo melhor;
• Os serviços dentro de casa – sua colaboração para um lar mais gostoso de se viver;
• O namoro – aprendizado de doação – preparo necessário para uma futura vida matrimonial repleta de amor;
• O esposo e a esposa, para confirmarem seu ato de amor na geração de novas vidas, e depois, juntos como família cristã, serem exemplos do amor de Cristo sobre a Terra.
Siga a estrada, apesar dos tropeços. Acolha tudo o que for bom, mas para poder ter o que oferecer. Se você guarda algo ou alguma pessoa para si, não diga que ama, pois no instante que você toma para si, o amor morre em tuas mãos.
A flor colhida não pode morrer em tuas mãos, ofereça-a a alguém que estiver triste.
Não tenha a ilusão de estar amando ao dar presentes, um abraço, um beijo, um pouco do seu tempo e de sua ajuda. Você só estará amando se estiver se dando juntamente com o presente ou gesto.
Por que chamar o seu cachorro, se ele estiver acorrentado?
Por que dizer “eu amo”, se você estiver amarrado no seu desejo de ter coisas e pessoas lhe dando atenção, ou pior, preso na corrente de sua vaidade e seu orgulho?
Se você estiver muito apegado às suas coisas, ao seu trabalho, ao seu prazer e conforto não conseguirá dar nada a ninguém, e muito menos dar-se.
Texto adaptado, extraído do livro “CONSTRUIR O HOMEM E O MUNDO”, 1960 -
Michel Quoist (Padre Francês)
Extraído do site: http://www.mfcpara.org.br/artigos.htm