CHEGUE NA PAZ

30 de set. de 2011

Meus sonhos

Meus sonhos não morrem. São parte de mim.
Retalhos de vida, marcando um tempo.

Constelações que vislumbro
no dorso do cavalo alado da esperança,
percorrendo caminhos, idealizando um amor,
escutando, na alma, um acalanto de espera,
antecipando o futuro, com sabor de presente
que degusto, mansamente,
na ante-sala do gôzo das realizações plenas.

Meus sonhos não morrem. São fragmentos de alma.

São a brisa do mar refrescando o meu espírito,
a correnteza caudalosa que me impulsiona para a vida,
a relva macia em que repousa o meu cansaço.

Meus caminhos de ir, às vezes de chegar.

Meus sonhos não morrem. São sementes de vida.

Há os sonhos que germinam, florescem
e produzem os frutos que alimentam a minha história.

Abençoados sejam os sonhos que frutificam!

São os que irradiam para o universo
o sorriso e a alegria do colorido da vida.

Meus sonhos não morrem. São regaços que abrigam.

Há os sonhos que, apesar da fé e da persistência,
não conseguem eclodir para o real.

Nasceram para preencher lacunas de solidão,
adoçar com mel o amargor dos combates perdidos,
repousar o cansaço da alma inquieta.

Abençoados sejam os sonhos que não eclodem!

São anjos de candura que nos embalam
quando a aridez da vida
apresenta o seu cartão de visita.

Meus sonhos não morrem. Integram-se no universo.

Os sonhos não vividos,
liberto-os, para que abençoem outras vidas.

Um último afago, um pensar de saudades,
um brilho de lágrima, um aceno de adeus...

Voam para o infinito, nos braços da esperança
até se confundirem, suavemente,
com as últimas luzes de um pôr-de-sol.

Lêda Mello