Seu filho é abençoado aprendiz da vida. Não lhe dificulte a colheita das lições, fazendo-lhe as tarefas.
Seu filho é flor em botão nos verdes ramos da existência. Não lhe precipite o desabrochar, estiolando-lhe a vitalidade espontânea.
Seu filho é discípulo da existência. Não lhe cerceie a produtividade, tomando sobre os seus ombros os misteres que lhe compete.
Seu filho é lâmpada em crescimento de luz. Não lhe coloque o óleo viscoso da bajulação para que não afogue o pavio onde crepita a chama da esperança.
Seu filho é fruto em formação para o futuro. Não procure colher, antes do tempo, o benefício que lhe não pertence.
Lembre-se, mãe devotada que você é, que o seu filho é também filho de Deus.
Você poderá caminhar ao seu lado na estrada apertada, mas ele só terá honra quando conseguir chegar ao objetivo conduzido pelos próprios pés.
Você tem o dever de lhe apontar os abismos à frente; mas a ele compete contornar os obstáculos e descer às baixadas da existência para testar a fortaleza do próprio caráter.
Você deve ministrar-lhe o sustento do Evangelho; mas a ele compete o murmúrio das orações, na prece continuada das ações nobres.
Seu filho é o discípulo amado que Deus pôs ao alcance do seu coração enternecido, no entanto, a sua tarefa não pode ir além daquele amor que o Pai propicia a todos,
ensinando ao tempo, corrigindo na luta, e educando através da disciplina para a felicidade.
Mostre-lhe a vida, mas deixe-o viver.
Fale-lhe das trevas, mas dê-lhe a luz do conhecimento.
Mande-o à escola, mas faça-se mestra dele no lar.
Apresente-lhe o mundo, mas deixe-o construir o próprio mundo.
Tome-lhe as mãos e ponha-as no trabalho, ensinando com o seu exemplo, mas não lhe desenvolva a inutilidade, realizando as tarefas que lhe compete.
Seu filho é vida da sua vida que vai viver na vida da Humanidade inteira.
Cumpra o seu dever amando-o, mas exercite o seu amor ensinando-o a amar e fazendo que no serviço superior ele se faça um homem para que o possa bendizer, mais tarde.
Ame, em seu filho, o filho de todas as mães e ame nos filhos das outras o seu próprio filho, para que ele, honrado pelo amor de outras mães, possa enobrecer o mundo, amando outros filhos.
Seu filho é semente divina; não lhe negue, por falso carinho, a cova escura da fertilidade, pretextando devotamento, porque a semente que morrer jamais será fonte de vida.
Mãe! Seu filho é a esperança do mundo; não o asfixie no egoísmo dos seus anelos,
esquecendo-se de que você veio à Terra sem ele e retornará igualmente a sós, entregando-o a Deus consoante as leis sábias e justa da Criação.
Livro: Crestomatia da Imortalidade
Amélia Rodrigues & Divaldo P. Franco