Que bela seria a vida se todos pudéssemos ser generosos como as árvores... Da semente pequenina, emergiríamos para o Mundo trazendo impresso em nós apenas o desejo de servir. Observe: a árvore cresce e, em torno de si, espalha sombra, perfume e cor. Doadora. Em seu tronco adormecem os insetos, abrigam-se os animaizinhos. Por entre seus galhos, pássaros fazem suas casas. Nascem flores em seus brotos.
E o Mundo se perfuma ao seu redor. Acolhedora. Gentis árvores, que estendem sombras aos que caminham sob sol forte, que oferecem frutos aos famintos, que alegram a existência de todos com suas cores. A árvore não escolhe a quem presentear com suas dádivas. Não discrimina nem privilegia. Serve. A árvore segue o curso da natureza. Sempre produtiva e útil. Não se detém para reparar o que fazem os outros, não anota dificuldades. Prossegue. Simples, precisa apenas de sol, água, ar e alimento. Nada exige. Cresce. E quando seus galhos se estendem em ramagens fortes, oferece-os para brincadeiras e divertimentos. Nela crianças fazem casas de brinquedo e balanços. Doa-se aos mais jovens. Concede. A árvore oferece tudo e nada espera em troca. Submete-se mesmo àqueles que, para lhe retirarem os frutos maduros, atiram-lhe pedras. A seiva escorre do tronco ferido, mas ela... Ah, ela tolera.
A árvore, de raízes fortes e profundas, mostra-se firme, apesar da força das tempestades. Resiste. E se o velho tronco se mostra cheio de nós, apontando idade avançada, sempre há o frescor dos galhos novos, de brotos verdes-claros. Renova-se. Árvore cresce em toda parte, até em encostas de montanhas e em abismos perigosos. Mesmo em locais adversos, a árvore permanece imponente - sem perder a grandeza jamais. Forte. Busca na terra escura, entre pequenos vermes, lodo e estrume, o material com que faz os frutos deliciosos que saciam a fome de tantos. Transformadora. E se é abatida pelo machado da impiedade, ainda assim se transmuda em móveis úteis, casas seguras e calor em lareiras acesas. Perdoa. Silenciosa, a árvore cumpre sua trajetória. Deveríamos todos nós buscar nesse exemplo de generosidade, vindo da natureza, um roteiro de vida. Vale a pena viver assim: empenhado em ser útil, sem se deixar abater pelas tempestades emocionais, oferecendo dádivas a todos. Firme, dócil, generoso. Lembre que hoje é mais um dia de sua vida, em que surgirão dezenas de oportunidades de servir alguém, de perdoar ao outro, de ser útil e gentil, simples e amoroso. Seja hoje como a árvore que se cobre de flores e frutos para que os outros sejam felizes.
* * *
Nos quadros vivos da Terra, desde a sua formação, a árvore generosa é imagem da Criação. É a vida em Deus que nos ama, que nos proteje e nos cria, que fez a bênção da noite, e a bênção da luz do dia. É santa irmã de Jesus essa árvore estremecida: se vive, palpita em Deus; se morre, transmite a vida.
Redação do Momento Espírita - livro Cartilha da Natureza
Casimiro Cunha - Francisco Cândido Xavier, ed. Feb