Por falta de culpados, culpei o tempo
Certamente ele ainda não veio
por culpa da chuva, do vento
Ainda virá
não há de tardar
E quando a terra secou
outro pretexto arrumei
A rua, o movimento
talvez congestionamento
Chegará a qualquer momento
A hora passou
o mundo aquietou
Ele não veio
A chuva, o vento, o movimento
não são cúmplices do meu tormento
Que mundo esquisito!
A lucidez cinza... Eu evito
O silêncio é frio, cor de granito
Suplico...
Qual é a cor do grito?
Rosa Pena/2002
LIVRO: PRETEXTOS