Se ao invés de perder tempo e energia com intermináveis discussões, nas quais um tenta convencer o outro de que a sua visão da vida é mais sensata, os casais percebessem que a divergência os aproxima e os mantém unidos, aconteceriam menos desencontros e frustrações amorosas.
Basta um pouco de observação para se perceber que é na diferença que se esconde a chave da paixão: o mistério, a novidade, o aprendizado sobre coisas antes inimagináveis.
No começo, tudo é maravilha. Eles discordam, mas não brigam. Acham charmosa a divergência: domingo de sol ele acorda cedo e espera, pacientemente, que ela saia da cama às onze horas... Se um é fumante, o outro jura que gosta do cheiro de cigarro. Chegam até a desistir do futebol caso torçam por times adversários. Mas nada como um dia após o outro...
Passada a emoção da conquista, quando o cotidiano passa a fazer parte da relação, a maioria das pessoas parece se esquecer de dar à "diferença" o seu real valor: o que antes cativava agora incomoda, e o que era charme virou defeito.
Afinal de contas, acordar tarde significa perder metade do domingo, cheiro de cigarro é enjoativo e o futebol... Ah, que saudades de ver o timão dando goleada no adversário!
Para que o amor não desça a ladeira justamente quando a intimidade vai começar, é preciso lembrar de uma coisa fundamental: o tempero do relacionamento amoroso é a diferença de pensamento e de atitude, que permite a cada parceiro aprender e ensinar muitas coisas.
Se tudo for igual, o tédio vai tomar conta e chegar aos lençóis. Se um parceiro tenta mudar o outro, a disputa transforma a cama num ringue, e os golpes da crítica e da indiferença se encarregam de matar o amor.
Fernanda Dannemann e Jael Coaracy