O problema da saúde mental
E' muito diáfana a linha divisória entre a sanidade e o desequilíbrio mental. Transita-se de um lado para outro com relativa facilidade, sem que inicialmente ocorra mudança expressiva no comportamento da criatura. Ligeira excitação, alguma ocorrência depressiva, uma ansiedade, um momento de mágoa, a escassez de recursos financeiros, a ausência de um trabalho digno, entre muitos outros fatores, podem levar o homem para a outra faixa da saúde mental, alienando-se temporariamente e logo retornando à posição anterior. Problemas de ordem emocional e psicológica, com frequência, conduzem o indivíduo a estados de distonia psíquica, sem produzir maiores danos quando não se deixa que enraízem ou que constituam causa de demorado trauma. Vivemos numa época em que as neuroses e as psicoses campeiam desenfreadas, mas é preciso lembrar que, além dos fatores que predispõem à loucura - e dentre os quais situamos o carma do Espírito, existe a obsessão espiritual, que leva o indivíduo a dar o passo adiante, arrojando-o no desfiladeiro da alienação de largo porte e de difícil recuperação... São os sexólatras, os violentos, os exagerados, os dependentes de viciações de qualquer natureza, os pessimistas, os invejosos, os amargurados, os suspeitosos incondicionais, os ciumentos, os obsidiados, que mais facilmente transpõem os limites da saúde mental.
Manoel Miranda
(Nas Fronteiras da Loucura, pp. 3 e 4)