Subi às árvores. Andei descalça sobre a relva. Senti o cheiro da terra molhada, depois da primeira chuvada. Deliciei-me com o perfume das flores, numa manhã de Primavera.
E foram todos esses pequenos momentos mágicos que deram cor aos meus primeiros anos de vida e aos meus sonhos. Tão feliz que eu era.
Não percebia a importância das horas. Não precisava de relógios. O tempo era o que o meu coração queria. Um abraço poderia demorar uma hora e um beijo uma eternidade.
O dinheiro era fantasia para adultos. Eu comprava tudo o que a vida podia ter apenas com os meus sonhos. A única moeda de troca que conhecia eram os sorrisos de quem me dava felicidade, a qualquer hora do dia.
Emprestava ilusões e cobrava carinho. Era feliz apenas com um vestido de folhos. Gostava de me fantasiar com o casaco da minha mãe, que me chegava aos pés.
O mundo dos adultos era mesmo só uma fantasia que eu gostava de usar. Era feliz, sem saber o que era a felicidade.
O guarda-chuva era um brinquedo. A chuva, uma diversão.
A vida emprestava sorrisos nesse tempo!
(Claudia Maria Pereira)