E, houve um tempo em que eu não sabia que os amores vão embora, que a gente, às vezes, se abandona, e que a vida faz escapar pelos nossos dedos tudo aquilo que desejamos aprisionar.
Eu não sabia que os amigos podem ser incontáveis como as estrelas no céu, e que poucos permanecerão ao nosso lado quando a vida não for mais festa e a música parar de tocar.
Eu não sabia que "gastar" tempo com o que nos traz paz é o melhor caminho para se viver mais.
Que gargalhar até a barriga doer nos faz esquecer as dores.
Que o sucesso que tanto almejamos pode estar bem aqui, no agora, e que, não importa o que aconteça, sempre haverá outras maneiras de inventar felicidade.
Naquele tempo eu não sabia que as nossas maiores certezas um dia se dissolvem.
Que é permitido mudar de ideia, de plano, de rota, de opinião.
Que todas as nossas experiências são válidas, porque são elas que vão costurando a enorme colcha de retalhos que somos.
Eu não sabia que somos seres inacabados.
Que o lugar perfeito não existe, e que a nossa desconstrução vida afora é o que nos faz crescer.
(Eunice Ramos)