Nada é tão nosso quanto as histórias que contamos vida afora, os dias de sol e de chuva, as flores que colhemos pelo caminho.

Ninguém sabe do tempo em que o seu peito era puro deserto e você insistiu em caminhar, porque não havia outro jeito, não tinha outra solução.

Ninguém sabe dos seus fardos pesados demais, das noites sem fim, das suas lágrimas nas madrugadas, dos sóis que você viu nascer.

Ninguém conhece as varandas que você guarda por dentro, o relógio na velha parede, as lembranças que te inundam o olhar.

A estrada é sua, o caminho é seu, e só você conhece as delícias e amarguras de viver.

E sabe contar das estações, das partidas e das chegadas, da esperança renovada e das desilusões.

Sabe dizer dos invernos que se arrastaram e dos verões que deixaram saudade, dos que ficaram pelo caminho.

A estrada é sua, o caminho é seu, e só você conhece a dor e a graça de existir.

(Eunice Ramos)