"- Mestre, o que fazer quando estamos desesperados?
- Começamos a caminhar. Em silêncio. Num bosque. Na companhia apenas do desespero. E escutamos os símbolos que vêm de cada pequena manifestação da natureza. Uma pinha pode contar-te muita coisa, assim como a fina agulha de uma árvore. O bosque está aí para te falar e contar-te o segredo. Do teu desespero.
- Não conheço a linguagem da natureza, como a posso entender?
- É linguagem que já está dentro de ti.
Falado pelos teus avós e avós dos teus avós e transmitido até ti. Não com palavras. Através dos códigos da alma que são evidentes para todos mas que resulta ser demasiado perigoso. Pela nossa vida cômoda. Negá-los, rejeitá-los e fazer pouco deles são maneiras de afastar a nossa alma. Vai ao bosque denso, escuro e úmido, e aí mesmo fala ao teu desespero como se fosse o teu Mestre interior. E recebe sem reservas os conselhos que te chegam.
- E se não sentir nada?
- O silêncio que sentires já é um dos maiores ensinamentos. Significa que é hora de ficares no vazio. E não procurares mais...
Desloca-te ao bosque escuro de ti mesmo e senta-te sobre uma pedra a desfrutar do ar que respiras. Tudo que necessitas já está aí, nessa pedra. E na tua respiração. És um rei e não te apercebes. É hora de usar essa coroa. E subir ao trono da tua vida.
Desde aí em cima verás que qualquer dificuldade, esforço ou desespero são apenas degraus capazes de te levar mais alto. No conhecimento de ti mesmo!"
(Elena Bernabé)