CHEGUE NA PAZ

5 de mai. de 2020

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Quem sou…?

Vim ao mundo coroado
sem pai e mãe a meu lado…
Quem sou…
que me sinto espiado?
Já vejo o sino do tempo
num lamento enroscado
e na fresta do destino
escreve em luz do sagrado
a triste missão que trago…

Porém um dia…
Talvez dia malfadado
e algures não confinado
me perderam sem cuidado…
Caí e fui transportado
nos braços quentes d’alguém,
julguei-me até ser amado
e porventura ter mãe,

Contudo… vi não ser querido
e decidi viajar…
Talvez que para além-mar,
pensei… pudesse eu encontrar
quem me abraçasse d’amor
e não me olhasse a fugir
como quem foge da dor!..

São como aves sem asas
à noite viram novela,
cantam hinos às janelas
temendo até a gazela
o cão, o gato a donzela
se ela passa singela
e perto cruza a ruela
Que mais sei…? É só cautela…!

Sou símbolo de terror
de mistério e de horror
por onde passo há morte
todos choram de pavor…
Mas quem sou meu Deus, meu Senhor?

Contudo vede vós…
O céu é mais azul
e as estrelas distantes
brilham mais que diamantes …
Os oceanos e mares
se deleitam como amantes
e as estrelas do mar
areias vêm beijar…
A esperança renasce
as portas do desenlace!
De minha triste lição
pus o mundo em confusão
e se liberta a criação…

As árvores louvam no perfume do ar
e lavam os pés nos riachos sem dor!
Respiram o orvalho nas asas do infinito
e contas de um rosário sorrindo de amor
escorrem nas pedras à luz do luar,
onde se lavam as flores a segredar…
Os animais sem medo e longe de vós
em paz agradecem numa mesma voz!

Hoje vejo em gaiolas
os que me deram sem saber
feição de dar ao mundo
outro estado, outro viver…
Serei na dor a esmola,
enroupada de mudança?
Serei alerta liderança,
luz em vós a renascer
ou só morte sem saber…?

Dão hoje valor fervente
outrora na mente ausente,
aos que sozinhos se vão…
Na míngua d’um afago,
tardio e de olhar vago
perdem o norte e o chão
e o bater do coração…

Tenho odor de sarcófago
e nas ruas deambulo aerófago,
mas vosso corpo é a memória
d’um esboço d’amor inacabado
e eu, um altar de sacrifícios augurado!...

Talvez tenha vindo ao mundo
antes que um sono profundo
se apoderasse pra sempre
de toda a humanidade,
e a vida encontrasse a morte
sem passar na eternidade!

Ir-me-ei em breve, seguro,
pois vim por tempo incerto…
Vim como sombra ou fantasma
passos d’alma na escada
forma fria, pregada à vossa cruz…
E em pensamento leve,
cheguei voraz pra acordar
em vós um manto de luz,
esse que o mundo não via
e a mão não mais escrevia…

Perfumai o presente do futuro,
desenhai-o d’amor como um pintor…
Não quero mais voltar porque sou dor….
Agarrai o céu, eu vos conjuro,
e na tela do mundo afamado
desenhai o enlace ardente
que Deus grita em vossa mente!

Este tempo só é tempo
que pertence à eternidade!
O meu… somente avivamento
um despertar limitado e me ausento...

(Isabel Maria Miranda)
Maribel