Há 4 dias, uma mulher de 20 anos foi amarrada e estuprada por dois homens. Ela estava comendo pizza acompanhada pelo noivo. Teve suas roupas rasgadas, foi estuprada por horas, e abandonada num terreno baldio. Os estupradores seguem em liberdade.
Há 3 dias, uma mulher de 18 anos foi atropelada quando voltava pra casa. O condutor do veículo ofereceu ajuda, disse que a levaria pro hospital, mas a levou pra uma garagem e a estuprou.
O estuprador segue em liberdade.
Anteontem, a escritora Clara Averbuck de 38 anos, foi estuprada dentro de um Uber quando voltava de uma festa. Clara já tivera sido abusada aos 13 anos. O estuprador foi afastado do Uber. Segue em liberdade.
Ontem, uma mulher de 27 anos teve seu pescoço ejaculado dentro do ônibus quando voltava do trabalho. O estuprador tem 5 passagens por estupro. Responde em liberdade.
Segundo o censo do Senado Federal, a cada 11 minutos uma mulher é estuprada no Brasil. São 130 mulheres por dia. E essas são apenas as subnotificações, já que pesquisas mostram que só 10% das vítimas denunciam.
Sabe por quê só 10%? Porque 80% das vítimas são CRIANÇAS ou adolescentes com menos de 16 anos. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a projeção mais realista é de 476 mil casos de estupro.
QUATROCENTOS E SETENTA E SEIS MIL FUCKING CASOS DE ESTUPRO
E o abandono também é legislativo:
Estupro no Brasil tem uma pena menor do que vender cosméticos sem registro, ou aplicar anabolizante. Isso é ridículo.
Estupro não pode ser naturalizado!
A sociedade precisa parar de culpar a vítima!
A gravidade desse crime não pode ser deslegitimada!
O Estado precisa executar medidas preventivas e corretivas de amparo e proteção à vítima.
A gente não tá falando de dano material, a gente tá falando de estupro.
A gente tá falando de dano físico, emocional, psicológico.
A gente tá falando de traumas vitalícios, de hematomas na alma.
A gente tá falando do crime mais baixo e cruel contra a integridade de qualquer pessoa.
Pelo amor de Deus, a gente tá falando de estupro.
E S T U P R O
Isso não pode ser natural.
Texto de Luiz Guilherme Prado.