APENAS UM VELHO CIGANO...
Enfrentei muitas adversidades nesta vida de andarilho errante. Conheci o frio da neve, as tempestades tropicais e o sol escaldante. Mas nada me fez mudar o caminho.
O ranger da carroça em trilhas inóspitas. A responsabilidade da família sempre presente e mais todo o restante da minha gente, eu nunca me senti sozinho.
Nossas noites festivas, nossas canções tradicionais, nosso vinho, nossa alegria, são coisas que não esqueço jamais.
Nossos irmãos sempre socorrendo quando necessário, fosse por uma carroça atolada ou por uma roda quebrada ou por uma palavra no certo momento. Percorremos milhares de quilômetros por este mundo sem fim, minha vida nunca deixou de ser assim, éramos para o mundo “Os Filhos do Vento”.
Nunca temi coisa alguma em qualquer ocasião, levava minha estrela de cinco pontas agarrada no meu peito, a Fé ao fazer o que precisava ser feito e Santa Sara em meu coração.
Hoje este velho cigano de nada se arrepende e feliz da vida compreende que recebeu bem mais do que doou. Que teve momentos de felicidade que a maioria não recebeu, que os ensinamentos da vida aprendeu, que Santa Sara nunca o abandonou.
Um último pedido que deste velho emana, é quanto aos jovens da pátria cigana, para que jamais esqueçam suas origens de Filhos do Vento
Que preservem as nossas tradições, que conversem em Romani em suas reuniões, que sejam ciganos na alma e no pensamento.
(Warley Rodrigues)