23 de jun. de 2015


"Ora (direis) ouvir estrelas!
Certo perdeste o senso!"
E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto

E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto, cintila.
E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto. 

Direis agora:
"Tresloucado amigo!
Que conversas com elas?
Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?" 

E eu vos direi:
"Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."


(Olavo Bilac)