CHEGUE NA PAZ

27 de mar. de 2015


Atualmente, vivemos momentos de grande complexidade e perplexidade. Constatamos atônitos os desmandos e a insensibilidade dos governantes diante da dor da humanidade e o sofrimento do planeta... muita gente, sentindo-se impotente perante a corrupção, falta de ética e a imposição da incompetência que contamina o mundo, desanima, perde a fé e a esperança. Penso que é hora de reflexão, de por em prática a criatividade a serviço do Bem, e procurar juntos soluções possíveis. A energia psíquica gerada pela fé na vida e pela autoconfiança, se coloca a disposição das hierarquias divinas. Por isso é importante persevar e irradiar esperança colocando o amor em movimento. A pluralidade de religiões e correntes filosóficas sempre desempenham papel relevante na formação de princípios e valores da humanidade... e se fizerem uma revisão profunda nos seus fundamentos, ideais, dogmas e propósitos, podem ajudar a redefinir os rumos e ritmos do nosso momento civilizatório. Isso porque todas propõem o autoconhecimento, e constituem um resumo da trajetória do pensamento universal, e da paixão humana pelo saber e pela beleza assim como, pela busca da excelência. Em tempos de crise, quando convicções e padrões são abalados, é importante refletir sobre questões estruturais como ética, valores humanos e espirituais, e sobre os anseios mais profundos do ser humano de hoje, e de todos os tempos. Desde as mais remotas épocas, podemos observar que a humanidade tem sede de conhecer, compreender a si mesma, a natureza do mundo, a razão de ser da vida, e de se reaproximar do Princípio Criador. Isso permeia civilizações, filosofias e religiões, desde sempre, influenciaram e influenciam modelos políticos, sociais e econômicos. Penso que estamos sendo convocados para reconhecer em todas as linhas de pensamento filosófico, quer antigas quer modernas e pós-modernas, um denominador comum, esse denominador é a busca da verdade e o fascínio pela sabedoria, e encontrar nelas uma síntese. Conhecer e respeitar todas as culturas, filosofias e religiões conduz à percepção da unidade essencial que nos define como a família humana. Com essa percepção, abre-se o caminho para enriquecedores diálogos entre os diferentes credos, saberes, culturas e correntes de pensamentos. Portanto, se quisermos criar um modelo de vida sustentável e viver uma cultura de paz, precisamos atender a convocação para o encontro e evitar o confronto. E com a mente livre de preconceitos, e da ilusão da fragmentação geradora dos embates que focam o que nos separa, e desconhecem o que nos une, podemos desenvolver competência criativa e amorosa, e nos capacitarmos para compartilhar do banquete do conhecimento adquirido através das eras. Do ponto de vista do coração o que podemos dizer do mundo? Nosso mundo está doente, mas tem cura. Esse grande organismo teve como berço a Vontade, a Beleza e a Perfeição e precisa se reaproximar de sua Fonte. Por isso, embora doente o mundo conserva, em toda parte, os sinais que revelam sua origem primordial. A causa da doença do mundo é o atual modelo de convivência, onde o individualismo permeia as relações entre as pessoas e compromete a geração de políticas públicas, e guia governanças, e lideranças. Isso resultou numa família, numa sociedade e numa economia, baseadas na dominação. Dominação do rico sobre o pobre, do homem sobre a mulher, dos pais e educadores sobre as crianças. Porém, existem sinais de convalescença do mundo através do despertar de muitas consciências para um novo modelo: que valoriza a parceria, a complementaridade, o reconhecimento do poder da alteridade, e do mútuo aprendizado. Muitas e exitosas iniciativas individuais, e empresarias inspiradas na parceria testemunham isso. Parcerias entre pessoas, ideais, e o meio ambiente espocam ao redor do mundo apesar da pouca divulgação. Cada vez mais fortemente a parceria se impõem como o caminho para a revolução humana, a alquimia interior que tem amor nos seus propósitos, e ações. Proponho a prática cotidiana dos valores humanos, como premissa e manifestação natural da espiritualidade. A espiritualidade não pode mais ser vista e compreendida como algo etéreo e oposto as coisas do mundo material. Mas, sim como ação consciente, amorosa e competente, uma bela e responsável parceria coletiva entre o espírito e o mundo.

(Marilu Martinelli)

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