"Alguém está lhe dizendo alguma coisa, você escuta naturalmente atento.
O próprio ato de ouvir é ação do ato de libertação, é a própria liberdade em ação.
Quando você vê este fato, a própria percepção desse fato é o estado de liberdade.
O próprio ouvir, o próprio ver algo como um fato, tem um extraordinário efeito "sem o esforço e a intervenção" do pensamento.
O pensamento é apenas um ferramenta da mente para ser utilizado quando se faça necessário nas relações, nunca como um instrumental de observação, pesquisa e busca de conhecimentos sobre si mesmo e sua funcionalidade, onde encontra em seus próprio conteúdo ou acervo cultural, elementos de distorção, mistificação e total ilusão.
Agora, retomemos a algo já conversado, digamos, a ambição. Nós já examinamos suficientemente o que ela faz, que efeitos tem, e agora fiquemos atentos para não permitir interferência no que observamos, através do "simples nada avaliar".
Uma mente que é ambiciosa nunca pode conhecer o que é simpatizar, ter piedade, amar. Uma mente ambiciosa é uma mente cruel seja espiritualmente ou exteriormente ou interiormente. Observe bem o que acontece: Você ouviu isto. Você ouve isto; quando ouve isso, você traduz e diz, “Como posso viver neste mundo construído sobre a ambição?”.
Portanto, você não ouviu! Você respondeu, reagiu a uma informação, a um fato, portanto, não está olhando para o fato. Está apenas traduzindo o fato, avaliando ou dando uma opinião sobre o fato ou respondendo ao fato; portanto, não está olhando para o fato.
Entretanto, como antes dissemos, se a pessoa ouve "sem qualquer avaliação", reação, conclusão, julgamento, etc., certamente então, o "fato em si, cria essa energia que destrói", varre, afasta qualquer ambição que cria conflito, permitindo na mente o silencio da inação do vazio da ausência da ação psicológica, e isso é claridade mental."
(J. Krishnamurti em The Book of Life)