Será que os bons são realmente bons? O que é bondade, senão soma de virtudes? E como um mal qualquer seria capaz de tornar reativa uma pessoa virtuosa, que aprendeu a tolerar, a perdoar, que desenvolveu valores de humildade?
Ora, se um mal exterior me faz expor um interior apodrecido pelo desejo do revide, da reação maldosa, poderia eu - em sã consciência - julgar-me bom?
Dizer "sim" seria como assumir que o mal destrói as virtudes já conquistadas, transformando os bons em maus. Num primeiro golpe de vista, parece mesmo ser isso o que vemos acontecer na convivência em sociedade. Mas, será que somos bons como nos julgamos ser?
Refletindo, percebemos que só sabemos se somos bons quando recebemos o mal, e esse mal não se torna um sentimento perturbado de reação maldosa dentro de nós.
Se não somos capazes desta imparcialidade, é evidente que não possuímos, pelo menos em caráter suficiente, as virtudes que balizam a bondade; e, portanto, precisamos aperfeiçoá-las.
"Só há dois tipos de homens:
os pecadores que se veem justos,
e os justos que se veem pecadores."
(Pascal)