CHEGUE NA PAZ

8 de fev. de 2014

Pontos Básicos do Ensinamento Não-Dual 

Tudo que existe tem origem em uma Pura Potencialidade. Esta Potencialidade pode ser chamada de Fonte da Vida, Deus, Suprema Inteligência, Vazio Infinito, Potencial Criativo... Esta origem de tudo que existe, de todos os universos, de todos os estados de consciência, de toda a criação e vida não conhece espaço ou tempo, não conhece conflito, nem evolução ou involução, pois não há nenhuma dualidade nisto. Esta unicidade é inconsciente de si mesma e cria a partir dela a consciência para se tornar consciente de Si.

A consciência pura é a filha desta potencialidade. Com o seu aparecimento, a unicidade aparentemente toma dois aspectos: espiritual e material.

A consciência pura, portanto, é o movimento da Unicidade. Este movimento da Unicidade nós chamaremos de Dualidade. Porque Dualidade? Porque aquilo que era uno, que era inconsciente de Si, agora passa a tomar consciência de Si, com o nascimento da consciência. Deus começa a conhecer Ele mesmo. E como ocorre este processo de conhecimento? Para haver conhecimento é preciso que o UNO se divida em dois aspectos distintos e complementares: o conhecedor e aquilo que é conhecido. É preciso que haja um sujeito e um objeto. Então há o nascimento do corpo para que a consciência possa operar.

O conhecedor é consciência e o conhecido é o mundo. O conhecedor é sempre espírito, consciência pura, enquanto que o que acontece como energia em movimento (vida) é na verdade a parte material desta consciência, fazendo parte seu corpo e sua mente desta parte material. EU SOU é espírito consciente, e o mundo é parte de mim, parte dessa consciência material. O que EU SOU é invisível. Enquanto o mundo e meu corpo físico (que faz parte do mundo) é visível. Consciência, portanto, é formada por estes dois aspectos: invisível e visível, yin e yang, feminino e masculino, negativo e positivo, o desconhecido e o conhecido, o Pai e o Filho.

O paraíso é relembrar quem você é. O alinhamento corpo/mente/consciência como unos e inseparáveis do que você é em realidade, revela o paraíso. Consciência universal é a origem do que somos no mundo manifesto, e ela representa toda a existência. Consciência individual é a aparência que tomamos como um corpo físico, e representa o ego/mente.

A pergunta QUEM SOU EU? é apenas um artifício para levar a mente de volta para sua origem silenciosa. A mente é pensamento. De onde vem o pensamento? Veja por si mesmo que todo o pensamento surge na consciência. E quem é você mesmo agora? Consciência pura. Sem pensamentos você continua existindo. Como? Como consciência pura. Quando você se identifica com um pensamento tipo “Eu sou imperfeito”, cria uma sub-consciência que se toma como uma identidade separada da vida: mente/ego. Ver todos os pensamentos como uma aparência na consciência é a chave da paz.

Consciência é anterior a tudo. Sem consciência não há nada. Pensamentos são conteúdos dessa consciência. Eles aparecem na consciência como as ondas aparecem no oceano. Pensamentos surgem e desaparecem na consciência universal que somos. Tudo é consciência e esta consciência é uma sobra do não-manifesto Pai eterno, aquilo que é não-criado, atemporal, e além de todos os conceitos. Portanto, o real é este infinito. A criatura e o criador são um só processo. Na tradição religiosa, o Pai e o Filho, O Absoluto e o Relativo, o Eterno e o Finito, podem ser vistos agora como complementos de um processo único.

O ponto do ensinamento é trazer a atenção para esta consciência pura. Esta consciência é silenciosa, compassiva, e sem conteúdo. Quanto mais fixarmos a nossa atenção na consciência, mais ela se expande para nós, e quanto mais ela se expande, mais percebemos que nosso tamanho real é muito maior do que imaginávamos até então. Nossas crenças limitam a energia. Padrões de pensamento criam caroços e vícios energéticos. Mas tudo isso pode ser visto como parte da mente, mas não parte do que somos como consciência pura. O que somos está livre. O que somos é uma testemunha de toda a ação do corpo e todo pensar da mente. Isso é meditação!

Nisargadatta diz: “O que você parece ser como fenômeno é apenas conceitual. O que você realmente é não pode ser compreendido pela simples razão de que no estado não-conceitual não pode haver ninguém a compreender”. Perfeito! Ora, se a mente é puro conceito, se tudo que você pensa de você e o mundo é puro conceito, e se o seu eu também é um conceito, então como o conceito pode compreender o não-conceito? Nisargadatta está tirando as bases de toda a busca e resumindo tudo: você é silêncio consciente. E além do mundo você é apenas silêncio, Pura Potencialidade.

O mundo é a expressão ativa da consciência universal. O que os sábios chamam de ilusório é confundir este corpo com o EU REAL. A sombra não pode ser a substância, logo, o EU REAL não pode ser o ego e nem o corpo. O EU é sempre o divino! O EU É SEMPRE ESPÍRITO!

Uma pessoa é o processo de objetivação daquilo que não tem forma, do Absoluto. Para existir uma pessoa é preciso haver consciência. Relembrar esta origem como consciência pura e fixar residência no silêncio que vem antes da manifestação é o ponto da meditação. Com isso, o organismo passa a ser uma expressão direta da consciência, não tendo mais a mente como intermediaria. O que faz a mente como intermediaria? Ela impede a inteligência natural de se manifestar na sua vida.

A inteligência espontânea e natural vem da consciência. A mente é apenas um arquivo de experiências vividas. Ela relembra o passado e imagina um futuro. Mas tudo isso no mundo virtual dos conceitos. Vida vivida diretamente não necessita da mente como intermediaria. Essa inteligência opera no agora, não precisando do tempo para se manifestar. A consciência é a inteligência natural da vida. E se você quiser usar sua memória, a mente será apenas uma boa serva.

O ouro está no anel, mas o anel não é o ouro. Anel é a forma do ouro. Assim como seu corpo é a forma da consciência! Mas o ouro existe sem o anel de ouro. O que você é existe mesmo sem forma. Consciência é a sua raiz, a sua base. Consciência é sua essência. Consciência é a alma da meditação. Meditação real é acordar para o verdadeiro EU - Consciência. Sofrimento é decorrente de uma identificação errônea com o que não somos. O sábio diz: Identifique-se com a consciência sem forma, contemple o espírito que você já é agora, e permita-se observar a existência do corpo e da mente, deixando-os fazerem as melhores escolhas que puderem, mas mantendo-se desperto e alerta ao seu EU REAL que é sempre perfeito, imutável, divino, pura presença consciente - o milagre dos milagres e razão de tudo que existe.

por Swami S. Naseeb