Humildade é a magna virtude humana,
Que serve de suporte e solidez a todas as outras.
Coloque-se acima dos outros,
E a vida se encarregará de tombá-lo,
Do alto de sua soberba, machucando-se no chão.
O orgulho é a marca do homem ignorante!
Quanto maior a ignorância, maior a arrogância.
Os pilares fincados sobre a ilusão,
São os primeiros a desmoronar.
Não te creias melhor que os demais,
Pois, dessa forma, tornarás tua inferioridade mais nítida.
Por que o mar é tão extenso e vasto?
Por que ele consegue se colocar
Apenas alguns centímetros abaixo da terra.
A semente, que se perde abaixo do solo,
Com o tempo se desabrocha numa estonteante flor…
Tudo aquilo que sobe,
A gravidade traz novamente à terra.
Assim faz a vida com o homem orgulhoso,
Que se coloca acima dos demais,
E logo esmorece e queda-se no chão.
Tu não precisas provar coisa alguma a alguém,
Nem contar vantagem pela tua pequena obra humana.
Neste mundo és um fragmento mínimo de grama,
No oceano infinito da existência universal.
Aceita a realidade das tuas imperfeições e limites,
Só assim poderás conhecer-te e melhorar-te.
Só quem encara sua própria sombra,
Pode lançar uma luz e dissolver vastas trevas.
Mas cuidado: não queiras vangloriar-se de tua humildade,
Ou parecer modesto aos olhos de outros;
Os holofotes sobre a humildade retiram-lhe todo o valor.
O humilde não faz alarde sobre si mesmo,
Nem enaltece sua modéstia.
Aja no anonimato, sem qualquer propaganda,
Assim teu coração estará em paz,
E essa será tua recompensa.
O que é do ego, se corrompe com o tempo;
O que é da humildade, se torna perene em espírito.
És herdeiro do cosmos, e não filho do orgulho,
Tua herança é o infinito…
Para que mendigar pelas migalhas da matéria perecível?
O orgulhoso enxerga o cosmos com sua irrisória lente,
E mensura o ilimitado com sua diminuta reguinha.
O homem embriagado em prepotência,
Fecha os olhos para seus erros e manchas internas.
Não sucumbas ao orgulho inebriante,
Ele debilita tua vida e rouba tuas energias.
Destruir-te-ás tentando apoiar-se em nada,
E te consumirás em prantos ao descobrir o vazio que te restou.
Jamais terás, neste mundo, o poder total de tudo abraçar.
Viva, pois, na simplicidade do teu recanto,
Que pode não abrigar infindáveis encantos ao teu ego,
Mas guarda uma pérola, de inestimável valor,
Escondida há eras imorredouras,
Que é teu verdadeiro ser,
Oculto nas penumbras da eternidade.
(Hugo Lapa)