Um famoso ditado Sufi diz:
aquele que conhece os outros, é erudito;
aquele que conhece a si é sábio.
Ser erudito é fácil, para ser
sábio
tem que ter vísceras, coragem.
Por que?
Por que no mundo é preciso
ser corajoso
para conhecer a si?
Existem razões.
A primeira razão é:
existe um
medo de que se você mergulhar em si mesmo,
poderá não encontrar alguém lá...
E de certa maneira este medo
está certo.
Você não vai mesmo encontrar
alguém lá.
Esta apreensão está certa.
Alguma coisa vai ser
encontrada lá,
mas é algo que não se define,
é algo que não se expressa em
palavras.
E este algo não é sua posse;
este algo é tanto seu quanto é de todo mundo.
Você encontrará algo, mas
será o centro universal.
Você não encontrará qualquer
indivíduo lá,
nenhum ego será encontrado.
Por isto, o medo.
Você irá desaparecer.
No auto-conhecimento você
irá
desaparecer completamente.
Por isto as pessoas conversam
a respeito dele,
perguntam a respeito dele,
lêem livros a respeito, mas nunca
entram.
Um medo inconsciente impede
seu caminho.
Quem sabe no que você vai
tropeçar
quando mergulhar em si?
Pesadelos, monstros...
Quem sabe o que está lá
dentro?
Por que abrir a caixa de
Pandora?
Mantenha-a firmemente fechada
e sente-se em cima.
Isto é o que todo mundo está
fazendo.
E, sob certo sentido, o medo
está certo,
mas somente sob certo sentido.
No começo você encontrará
baratas, rinocerontes,
répteis e todo tipo de coisas horríveis,
porque estas
são as coisas que você esteve reprimindo
em si mesmo, estas são as coisas que
você não permitiu.
Você reprimiu a raiva, o
ciúme, a possessividade, o ódio.
Você reprimiu a violência e o
assassinato.
Todas estas coisas estão ali.
Esta é a barata que está
dentro de você.
A violência tornou-se uma
perna, a possessividade
tornou-se outra e o ciúme uma outra mais...
Quando mergulhar dentro de
si,
você terá que encarar tudo isto.
Naturalmente, esta não é a
história toda.
Se você puder encarar a
barata, se você puder ir
cada vez mais fundo, sem qualquer medo,
e observar
tudo o que estiver acontecendo,
e lembrando-se que eu sou apenas um observador,
uma testemunha a tudo isto, eu não posso ser a barata
porque eu posso ver, o
que você consegue ver não é você.
Guarde isto como uma chave,
uma lembrança constante:
tudo o que você vê, não é você.
Você vê a raiva?
Então você não é ela.
Você vê a fome?
Então você não é ela.
Você vê a sexualidade?
Então você não é ela.
Você é aquele que testemunha
tudo isto.
Lembre-se da testemunha e,
pouco a pouco,
todas as baratas desaparecerão, assim como
todos os rinocerontes
e tudo o mais que é feio.
O testemunhar é um fenômeno
tamanho
que dissolve tudo que é feio.
Pouco a pouco, somente a
testemunha permanece.
Mas esta testemunha não será você; ela é Deus.