Ah!... Essa cigana festeira e alegre
Que caminha pelas ruas buscando
Em cada rosto um irmão, um amigo...
Mora comigo,
Faz do meu pranto comédia
E sorri da minha dor
Dança, canta, esquecida do amanhã,
Porque sabe que o hoje é vida,
E todas as misérias da vida,
precisam ser esquecidas...
Irreverente e dócil...
Ama e se entrega enfurecida ao amor!
Um quê de místico mora em seus olhos,
Um quê de sombrio acompanha seus passos...
Tantas vezes morreu e tantas voltou...
Insiste em ser feliz, viver!
Traz um cigano sonhado no peito
Louco... fanático de amor...
À noite percorre todos os recantos dos sonhos,
Traz uma fogueira acesa, enormes labaredas
De fogo em todo seu ser...
Quem entende essa mulher, que vive
Lembrando sua infância, sendo na alma
Uma criança?...
Trazendo na retina uma
Lágrima brilhante de quem vai chorar...
E de um salto se põe a dançar
Feliz como uma mariposa
Na luz da fogueira...
Rosto incandescente, apaixonado,
Louca de amor por tudo que a cerca,
Triste e alegre, mistura tudo velozmente!
Quero entendê-la, não encontro respostas...
Acho que nunca alguém a entendeu...
Ela mora em minha alma...
Essa cigana sou eu!
(Marilena Trujillo)