CHEGUE NA PAZ

21 de ago. de 2012


A VERDADE

... Não se pode achar a verdade por intermédio de outra pessoa.
Como se poderia?  A verdade não é estática, não tem morada fixa, não é um fim, um alvo.  Pelo contrário, é viva, dinâmica, muito enérgica e ativa.  Como pode ser um fim?  Se a verdade fosse um ponto fixo, já não seria verdade: seria uma simples opinião.
A verdade é o desconhecido, e a mente que está em busca da verdade, nunca a encontrará, porquanto a mente é constituída do conhecido, é o resultado do passado, produto do tempo - o que podeis observar por vós mesmos.
A mente é o instrumento do conhecido, e portanto não pode achar o desconhecido; só pode mover-se do conhecido para o desconhecido.
Quando a mente busca a verdade de que falam os livros, essa "verdade" é projetada da própria mente, porque, então, a mente só está em busca do conhecido, de um conhecido mais satisfatório do que o anterior.
Quando a mente procura verdade, está em busca de autoprojeção, e não da verdade.  Afinal de contas, todo ideal é autoprojeção, coisa fictícia, irreal.  O real, éo que é, não o seu oposto.
A mente que está buscando a realidade, procurando Deus, está buscando o conhecido.  Quando pensais em Deus, vosso Deus é a projeção do próprio pensamento, o resultado de influência sociais.
Só podeis pensar no conhecido; não podeis pensar no desconhecido, não podeis concentrar-vos na verdade.  No momento em que pensais no desconhecido, ele é apenas o conhecido que projetastes.
Deus ou a Verdade, é impensável.
Não se pode procurar a verdade: ela é que vem.
Só se pode procurar o que é conhecido.  Quando a mente não está sendo torturada pelo conhecido, pelos efeitos do conhecido, só então pode a verdade revelar-se. Ela se acha em cada folha, em cada lágrima; só pode ser conhecida de momento a momento.
Ninguém pode guiar-vos à verdade e se alguém vos guia, só pode levar-vos ao conhecido.
A verdade só pode manifestar à mente que está vazia do conhecido.
Ela só se apresenta quando há um estado de ausência do conhecido, de  seu  não-funcionamento.
A mente é o depósito do conhecido, o seu resíduo; para que a mente se encontre em estado em que o desconhecido se manifesta, deve estar cônscia de si mesma, de suas experiências anteriores, tanto consciente como inconscientes, de suas reações e de sua estrutura.
Quando há autoconhecimento integral, então a mente está vazia, de todo, do conhecido.  É só assim que a verdade pode vir a vós, sem chamado. Ela não nos pertence.  Não podeis adorá-la. Ela é atemporal.  No momento em que se torna conhecida, se torna irreal.
O símbolo não é real, a imagem não é real.  Mas quando há a compreensão e a cessação do "eu", começamos a conhecer a Eternidade.
(Texto extraído da obra: A PRIMEIRA E ÚLTIMA LIBERDADE)