CHEGUE NA PAZ

27 de mai. de 2012

Ser Zen
Ser Zen não é ficar numa boa o tempo todo, de papo para o ar, sem fazer nada.

Ser Zen é ser ativo. É estar forte e decidido. E caminhar com leveza, mas com certeza. É auxiliar a quem precisa, no que precisa e não no que se idealiza.

Ser Zen é ser simples. Da simplicidade dos santos e dos sábios. Que não precisam de nada. Nada mais que o necessário. Para o encontro, a comida, a cama, a diversão, o trabalho.

Ser Zen é fluir com o fluir da vida. Sem drama, sem complicação. Na hora de comer come comendo, sem ver televisão, sem falar desnecessário. Sente o sabor do alimento, a textura, o condimento. Sente a ternura ( ou não) da mão que plantou e colheu, da terra que recebeu e alimentou, o sol que deu energia, da água que molhou, de todos os elementos que tornaram possível um pequeno prato de comida à nossa frente. Sente gratidão, não desperdiça. Come com alegria. Para satisfazer a fome de todos os famintos. Bebe para satisfazer a sede de todos os sedentos. Agradecendo e se lembrando de onde vem e para onde vai.

A chuva o sol, o vento. O guarda, o policial, o bandido, o açougueiro, o juiz, o padre, a enfermeira, o bancário, o servente, o garçom, a médica, o doutor, o doente, a doença e a saúde, a vida e a morte, a imensidão e o nada, o vazio e o cheio, o tudo e cada parte.

Ser Zen é ser livre e saber os seus limites.
Ser Zen é servir, é cuidar, é respeitar, compartilhar.
Ser Zen é hospitalidade, é ternura é acolhida.

Ser Zen é kyosaku bastão de madeira sábia, que acorda sem ferir, que lembra deste momento, dos pés no chão como indígenas, sentido a Terra-Mãe sustentando nossos sonhos, nossas fantasias, nossas dores, nossas alegrias.

Ser Zen é morrer. Morrer para a dualidade, para o falso, a mentira, a iniquidade.
Ser Zen é renascer a cada instante. Na flor, na semente, no bicho, no livro na estante.
Ser Zen é jamais esquecer de um gesto, de um olhar, de um carinho trocado no presente/passado.
Ser Zen é não carregar rancores, ódios, cismas nem terrores.
Ser Zen é trocar pneu, as mãos sujas de graxa.
Ser Zen é ser pedreiro, fazendo e refazendo casas.

Ser Zen é ser simplesmente que somos e nada mais. É ser a respiração que respira em cada ação. É fazer meditação, sentar-se para uma parede, olhar para si mesmo. Encontrar suas várias faces, seus sorrisos, suas dores. É entregar-se ao desconhecido aspecto do vazio. Não ter medo. Não se fazer ou, se fizer, assim o percebe e voltar.

Ser Zen é voltar para o não-saber, pois não sabemos quase nada. Não sabemos o começo, nem o meio, muito menos o fim. E tudo tem começo, meio e fim.

Ser Zen é estar envolvido nos problemas da cidade, da rua, da comunidade. É oferecer soluções, ter criatividade, sorrir dos erros, se desculpar e sempre seguir em frente.

Ser Zen é estar presente. Aqui neste mesmo lugar. Respirando simplesmente, observando os pensamentos, memórias, aborrecimentos, alegrias, esperanças. Quando? Agora, neste instante. É estar bem aqui onde quando se fala já se foi. Tempo girando, correndo, passando, e nós passando com ele. Sem separação.
Ser Zen é Ser Tempo. Ser Zen é Ser Existência.

(Monja Coen)