22 de mar. de 2012

Gosto de sentar num banco e ficar observando as pessoas que passam.
Seja na avenida da praia ou dentro de um shopping, percebe-se que muitas
delas apresentam as costas encurvadas, os ombros caídos e o olhar meio que perdido, principalmente quando estão caminhando sozinhas.
Percebe-se que nem sempre estão atentas ao redor, apreciando a beleza
da redondeza ou as vitrines iluminadas e tentadoras.


Talvez saiam de casa pra fugir da solidão, mas carregam consigo o fardo
do desinteresse e desestímulo, não conseguindo se distrair com tudo
o que o local de passeio oferece.


Já aconteceu algumas vezes, de alguém sentar ao meu lado e
imediatamente puxo a conversa. Depois de algum tempo, vem a confirmação
de que a pessoa mora e vive só, ou então vive com parentes mas se
sente invisível dentro de casa.


A maioria sempre tem alguma doença física, na qual coloca toda a sua
atenção e sabe contar nos mínimos detalhes todos os achaques e remédios que toma.


E de papo em papo, sempre pergunto como se encontra a religiosidade
e uma boa parte mostra muita dúvida quanto aos benefícios da fé,
seja para o restabelecimento da saúde, ou como suporte necessário a todas
as aflições da vida. Muitas dizem: - creio em Deus, mas logo em seguida tentam
demonstrar que titubeiam quanto a admitir com toda a convicção de que realmente
a fé move montanhas e realiza milagres.


Mais um dedo de conversa e observo que são pessoas extremamente voltadas
para si mesmas, e com raras exceções mostram compaixão para com
as angústias e necessidades do próximo.


Não se dão conta de que alguém pode precisar delas, tanto quanto elas precisam
dos outros, para compartilhar alegrias e tristezas, já que não somos ilhas
isoladas num continente universal, mas somos todos irmãos, filhos de Deus,
ligados pela sublime fraternidade amorosa.


(Guida Linhares)