A Lei é uma regra de vida estabelecida por Deus. O homem é um menino que tem de aprender. Mas, quando um menino precisa aprender a andar, nós não fazemos para ele um curso sobre a arte de andar. Deixamo-lo experimentar e cair, porque sabemos que só à força de muitas quedas ele pode aprender a não cair mais. O homem precisa, não de aulas teóricas, mas dum conhecimento pessoal, atingido com seu esforço, fruto da sua experiência direta. A escola é automática, é o natural conteúdo da vida.
Desenvolve-se, assim, a inteligência necessária para compreender qual é a regra que rege os nossos movimentos, o prejuízo de não a observar e a vantagem de segui-la. Assim, a escola da vida nos ensina a conhecer a Lei. Uma escola é lugar para estudar e aprender, não para ficar sempre nela. Acabado o curso, os estudantes a deixam. O mesmo acontece com a experimentação terrena. Uma vez conquistado o conhecimento, os meios terrenos que foram usados para esse escopo são abandonados como material de refugo, ao mesmo tempo que levamos conosco a sabedoria armazenada para utilizá-la e gozar seu fruto em ambientes superiores. Pode-se assim ver quanto seja útil o viver e, quando tivermos errado, também o sofrer.
Quando o mundo tiver sofrido bastante os danos que derivam do querer apoiar-se só na força e na astúcia, então os evitará e procurará organizar-se numa forma de vida feita de trabalho pacífico e fraternal. Os sofrimentos não são inúteis: por intermédio deles, o homem toma conhecimento e vê como custa caro ser mau, e assim, para não voltar a sofrer as conseqüências, aprende a não cometer mais erros.
As guerras não são propriamente inúteis, porque pelo fato de padecer duramente com as destruições a que elas conduzem, o homem vai aprender a não fazer mais guerras. O uso da força não é inútil, porque quem a pratica, mais cedo ou mais tarde, acaba esmagado por ela mesma, e então aprende a não mais a usar. As astúcias humanas não são inúteis, porque o homem, empregando-as, terá depois de ficar sabendo quanto são duras as conseqüências de ter procurado furtar-se a justiça de Deus, prejudicando os outros com o engano. Terá de compreender a loucura da mentira na exploração do próximo, e que dano representa para quem a usa. Os atritos das rivalidades e as competições humanas na luta pela vida não são inúteis, porque nos levam a conhecer-nos uns aos outros, a fim de chegarmos à construção daquela grande obra de engenharia biológica que será o organismo da sociedade humana.
Do livro: A Lei de Deus - Pietro Ubaldi