Como definir-te num poema?
Se quando eu te percebo tal qual vinho tinto,
Encorpado, amadurecido e rascante
Tu me surges vinho branco,
Suave, licoroso e inebriante
E me faz beber até desfalecer.
Como definir-te num poema?
Se assim como que por encanto,
De tempestade varrendo a cidade,
Tu invades o meu quarto
Feito suave brisa, cálida e macia
Que abusadamente me acaricia
Até não mais poder.
Como definir-te num poema?
Se és tigresa de afiadas presas
Mas que enroscada em mim
Adormeces em sutilezas
E sonha, ronronando de prazer.
Como definir um sonho?
Não tenho tal poder!
Como retratar-te em meus versos?
Se eu enlouqueço ao te ver, confesso!
E cego de paixão nada consigo escrever.
Como encontrar rimas tão ricas?
Se a riqueza maior que eu tenho
E estar irremediavelmente preso a você.
Como descrever-te tal qual um anjo
Se em minha cama tu me possui?
Enlouquecida, um demônio...
Que entranhada me bolina e alucina,
Que me possui tão tirana
De um jeito assim tão sem-vergonha
E exige de mim toda a seiva
Que eu te possa oferecer.
Como definir alguém tão visceralmente poeta,
Tão visceralmente inquieta
Que se apaixona por mim,
Um homem tão vadio
Que não é capaz de te merecer.
Sei não!
Melhor não ousar um poema,
Melhor dizer-te apenas, te amo!
Mais...
Não conseguiria fazer.
Kondor
14/02/2002