Encontrei o Equilíbrio quando trilhava o Caminho do Meio.
Ele era um sujeito tranqüilo, sorridente, com os olhos brilhantes e andava com tanta confiança, que fiquei desconfiado; seria esse sujeito alguém real em que eu poderia me tornar?
Já havia trilhado outros caminhos e estava meio decepcionado.
Certa vez, trilhei o Caminho da Negação e encontrei o Cético.
Convincente e seguro, ele me ensinou o poder do questionamento e como as pessoas acreditam em qualquer coisa, transformando- as em verdade absoluta, como certas lendas e contos populares que são passados, de geração para geração.
Achei que ele tinha razão, mas aí deixei esse caminho, quando percebi que o Cético duvidava de tudo, menos do seu próprio ceticismo.
Outra vez, trilhei o Caminho do Exagero e encontrei o Fanático.
Ele aparentava estar em felicidade plena, mas falava de Deus com um estranho brilho no olhar, que me dava medo.
Dizia que Deus estava em tudo e que só o que precisávamos era do amor, o que me deixou mais confiante; mas, quando ele tentou me convencer a ser seu discípulo, para que eu tivesse acesso às grandes verdades do universo e me tornasse um escolhido a embarcar na caravana do próximo Messias, caí fora do barco o mais rápido que pude e voltei à minha busca.
Desiludido, pensei em desistir de procurar, até que encontrei o Equilíbrio e, por ele ser tão simples e, até certo ponto, familiar, desconfiei que não fosse real.
Eu estava enganado.
Satisfeito, perguntei se poderia caminhar com ele.
- Claro! - ele respondeu - Mas você está disposto a caminhar com suas próprias pernas e a pagar o preço?
- Preço?
- Isso mesmo. O preço de enxergar e compreender que estamos manifestados como seres humanos e, como tais, devemos aceitar as nossas limitações.
Precisamos aprender a questionar certas coisas e aceitar outras, como parecem ser, mesmo que elas não possuam nenhuma lógica aparente.
A mente humana é limitada e, por mais que se consiga efetuar cálculos avançados, quando o assunto é o coração ou a espiritualidade, mal sabemos a tabuada.
E, ainda assim, quando aprendemos a somar um pouco e descobrimos que um mais um é igual ao infinito, esse resultado não é a verdade absoluta do universo coletivo; pelo contrário, essa soma nada mais é do que a SUA versão da verdade.
Por isso é perigoso evangelizar o mundo com as nossas experiências, pois, cedo ou tarde, descobrimos que, por mais que passemos toda a vida tentando ser mestre dos outros, só conseguiremos, se tivermos sucesso, ser mestres de nós mesmos.
autoria desconhecida