CHEGUE NA PAZ

3 de jan. de 2011

Um "pouquito" de Delasnieve Daspet

Ainda pergunto ao raiar do sol
A luz que se põe
A brisa que balança
Ao perfume que exala
A abelha que colhe o pólen
A flor que se abre e deixa fecundar
Ao orvalho que seca
A montanha íngrime
A natureza

Por que?
Por que o vazio?

Riacho que corre
Sorrir da criança
Marujo triste
Barco que balança em mansas águas
Onda do mar...

Por que?
Diz-me, quero saber:

Por que a gaivota canta e se entrega ao mar
Quando a luz pálida se levanta?
Por que?

Sol ardente
Verde mar
Sempre o vazio...
Eterno vazio.
Parado. Glacial.

Sou, hoje, o nada que sibila
Neste vendaval de folhas mortas
Que me servirão de mortalha.

Por que?
Por que, esta solidão, tamanha?
Por que?
Ninguém responde.

Não há palavras
Apenas me pedem tempo
E já não sei o que devo dizer...
Nunca serei real..
Apenas lápis e corretivo
Pintando sonhos perdidos...
Porque me sinto
Pássaro de arribação?

Entrei em tantos portos sem escalas, sem destino
Desviei-me das rotas
Busco, agora, uma saída
Ainda, sem respostas...
Por que?