CHEGUE NA PAZ

6 de jan. de 2011

Poesia: O homem e a morte

Ao Homem disse, um dia, a Vaidade excitante:
– “És o rei da criação! A Terra toda é tua!”

O Orgulho comparece e, presto, continua:
– “Ave, senhor da vida, altíssimo gigante!”

Na sombra espessa, em torno, a Descrença acentua:
– “Nada existe, afinal, sem teu cetro brilhante.”

E a Fortuna declara: - “Ordena, comandante!
Do meu áureo poder ninguém te destitua.”

E o Homem dá-se todo à carreira ilusória
Bradando para os Céus em delírios de glória:
– “Deus, se existe, oh! Deus, jamais me sobrelevas!”

Mas a Morte aparece e, num simples segundo
Vê-se triste e sozinho o monarca do mundo
Intimado a pensar no silêncio das trevas...

José Cirilo Chagas