Quando o ser humano entra em desespero pelo seu fracasso, ou pela incompreensão da vida, ele espera que um psicólogo ou psiquiatra, um padre ou pastor, um astrólogo, tarólogo ou vidente, forneça respostas bonitinhas a respeito de como tudo funciona. Deseja que eles, profissionais do bem-estar, se é assim que podemos classificá-los, respondam de que forma poderia retirar o insuportável sofrimento que carrega e/ou como tudo irá se desenvolver no futuro próximo. Sim, eles podem aliviar a dor e/ou delinear prováveis acontecimentos, mas e daí? Será que uma caixa de antidepressivo resolveria o problema? Será que uma oração faria um milagre acontecer? Será que uma revelação do futuro poderia amenizar o sofrimento? É muito improvável que uma única resposta a estes questionamentos resolvessem o caso do solicitante. A vida pode se tornar um dragão feroz ou, na melhor das hipóteses, feia e cruel perante o castelo de fantasia e sonhos dourados que se constrói ao longo de uma situação. Geralmente, para os profissionais do bem-estar o cliente chega fragilizado e com os olhos cheios de esperança por palavras que indiquem um alento ao seu âmago sofrido. Talvez pensem que seu ego ferido sairá vitorioso na batalha final. De alguma forma ele sempre dirá: Vidente, diga-me tudo, eu estou preparado...; O que devo fazer para ser feliz?...; Doutor, eu vim aqui só para pegar aquelas pílulas que me fazem bem...; Padre, quantas orações preciso para ser perdoado?...; Deus, até quando terei que sofrer?...; Que a vida castigue quem errou comigo! Só assim poderei ser feliz!... . Com certeza todos eles ajudariam de alguma forma, mas não poderiam retirar a angústia com as próprias mãos, fazer o tempo voltar ou decidirem o que é melhor para o futuro dessas pessoas. Devemos compreender que eles não possuem o poder sobre nossas vidas e/ou não estão à mercê de nossos caprichos! Na realidade, os profissionais do bem-estar, são meros coadjuvantes se compararmos com o autoconhecimento. Vejamos os grandes mistérios que devíamos tentar descobrirmos sozinhos: onde está nossa força, coragem, dignidade, quais são nossos limites emocionais do amor e do ódio, quais são nossas fraquezas, qualidades, dons? Afinal, qual o aspecto positivo e negativo que se encontra impregnada em nossa personalidade? Contudo, se estivermos aptos, formos humildes, para assimilar a ajuda dos maravilhosos profissionais do bem-estar, poderemos cultivar a benéfica semente que eles plantam em nossa consciência e fazermos desabrochar o que há de melhor em nós mesmos; talvez, até descobrir novos frutos em nossa própria árvore! A busca de um alento só resolve momentaneamente uma situação; contudo, para que o equilíbrio perdure deve-se fazer uma renovação de conceitos, buscar quem somos, qual nossa potencialidade. Toda vez que somos afrontados pelas pessoas ou situações da vida, com perdas e complicações, o nosso medo aflora e perdemos o contato com a realidade. Não somos capazes de enfrentar o problema porque o confronto entre o que nós queremos e o que os outros desejam são diferentes; então, recuamos e sofremos. Este ponto é a característica principal do início do autoconhecimento que poderá nos levar a iluminação interior ou se o negarmos tendemos à escuridão da alma. Se a pessoa gosta de sofrer e sentir-se culpada por todas as mazelas de sua vida, então, ficará inerte, sem achar uma saída. Se a pessoa passa por grandes revezes e consegue continuar planejando a vida, então, conseguirá encontrar uma solução satisfatória. Bem, mas é difícil descobrir novos caminhos quando se está sem esperança, não é verdade? A saída será sempre uma só: reconhecer as falhas, erros, potencialidades, qualidades; assim, sabendo quais são os limites (bons e maus) é que poderemos iniciar o processo de autoconhecimento. Por exemplo, se sou orgulhoso, tenho que desenvolver a humildade; se sou egoísta, tenho que ser mais generoso; se sou reflexivo, tenho que ser mais expansivo; se sou sonhador tenho que ser mais prático; se fui traído tenho que aprender a perdoar; se sofro necessito buscar a harmonia. O único caminho capaz de atingir o autoconhecimento é a profunda reflexão das experiências obtidas na vida, pois podemos analisar nosso comportamento e compreender nossas ações. Agindo dessa forma, tendemos a evitar a repetição de erros, tais como, sempre brigarmos pela mesma coisa, termos o mesmo desfecho em todos os relacionamentos ou no trabalho. Somente parando, refletindo e analisando a nós mesmos é que poderemos encontrar a paz interior. Nunca é tarde para iniciar o autoconhecimento!
Texto baseado no livro:
Onde está minha felicidade? - Nei Naiff - Ed. Nova Era