Ah, quando enxergo o horizonte a despontar
O medo me toma a alma
Para trás deixei sementes
Algumas; hoje árvores de lembranças amargas
Quantas vezes semeadas com amor, esperança e crença
E, logo, tomadas pelas ervas daninhas da vida
que fizeram de meus sonhos trevas
Como o amargo toma a alma
Faz a lágrima roçar a face e o dia se faz nublado
Por quantas vezes quase me entrego
Dentre estas sementinhas a do amor
A espera que se faz e a cada amanhecer a esperança
Mas, ao anoitecer, sempre a mesma verdade
- Agora, minha amante é a solidão!
Do que adianta queixar-me?
Lançar meu grito, percorrer vales, escalar penhascos
Se dentro de mim o vazio
tomado pela tua ausência toma-me a alma?
Hoje
Sem o sabor da paixão sobra-me a companheira poesia
por onde ainda posso sonhar que te tenho
que nada aconteceu
que meus castelos não foram tomados pela ruína do descaso
Transformo-me em palhaço de meus sonhos-bobos
De abrir minha porta e te encontrar
Receber teu beijo e viver contigo o amor prometido
Ah, este tempo...
Senhor dos senhores, por vezes amigo – outras; carrasco
Por vezes a lançar-me entre os vales das lágrimas
por outras; a lançar-me frente ao Arco-Íris do amor
Ah, Tempo...
Faz com que tua cobrança seja-me a mais curta
Não quero sair da história debruçado em teus degraus
E, sim; vencendo cada uma de suas imposições
Agora, parto a ser só mais um palhaço sonhador!
Destes sonhos pequenos farei meu mundo
ladeado pelas flores das lembranças de nosso amor
Podem derrubar as muralhas mais fortes
dominar vulcões, vencer os oceanos
Mas, nada será capaz de fazer acabar
o amor que senti por você
nem mesmo a poderosa ‘senhora’ morte.
Paulo Nunes Junior